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“Se isso acontecer, dêem-me uma corda para me enforcar”. Gouveia e Melo tinha rejeitado “entrada na política” no final de 2021?

Política
O que está em causa?
"A democracia não precisa de militares", terá dito o almirante no final de 2021, o mesmo "militar" que agora está a ser apontado como putativo candidato à Presidência da República.
© Agência Lusa / Mário Cruz

“Quem é que precisa de um desenho para explicar o globalista totalitário? Agenda 2020, vai ficar tudo bem, big pharma“, comenta-se numa publicação de 26 de novembro no Facebook, exibindo uma imagem com os destaques de uma entrevista que o almirante Henrique Gouveia e Melo terá concedido há poucos anos, garantindo então que não tencionava entrar na política e, aliás, que “se isso acontecer, dêem-me uma corda para me enforcar”.

Esta “memória” surge nas redes sociais num contexto em que Gouveia e Melo acaba de anunciar a sua indisponibilidade para ser reconduzido no cargo de Chefe do Estado-Maior da Armada. Notícia que intensificou a especulação em torno da provável candidatura à Presidência da República do almirante que, entretanto, a SIC Notícias avança mesmo que deverá ser anunciada em março de 2025.

Não foi uma entrevista, mas sim em declarações aos jornalistas e no âmbito de um encontro organizado pelo International Club of Portugal, em Lisboa, a 28 de outubro de 2021, que Gouveia e Melo rejeitou a possibilidade de se candidatar a um cargo político.

Questionado pelos jornalistas sobre um eventual futuro político, o almirante respondeu: “Sou um militar, fiz a minha função. E agora estou nas minhas funções anteriores militares, com muito gosto.”

Durante o debate sobre “o processo de vacinação contra a Covid-19 em Portugal”, no qual foi orador, o então adjunto para o Planeamento e Coordenação do Estado-Maior General das Forças Armadas confessou, perante uma centena de pessoas, esperar não se “deixar cair na tentação” da política.

“Se isso acontecer, dêem-me uma corda para me enforcar“, pediu, com humor, segundo reportou a Agência Lusa na altura.

Na mesma ocasião, Gouveia e Melo afirmou: “Não tenho de preparar o meu papel [para um cargo futuro]. Eu sou um militar e o papel é o que me derem.” Recorde-se que, cerca de dois meses depois, foi nomeado para o cargo de Chefe do Estado-Maior da Armada.

A democracia não precisa de militares“, sublinhou. “Gosto muito de ser militar, mas o militarismo excessivo não faz sentido”.

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