Uma fotografia aos gráficos representativos da população estrangeira em Portugal e um vídeo dos protestos em França depois das autoridades daquele país terem morto a tiro um jovem de 17 anos: é assim que um "post" de 2 de julho, divulgado no Facebook, argumenta que o Governo socialista tem sido "irresponsável" ao adotar uma política de "portas abertas" à população imigrante em Portugal, permitindo que sejam "naturalizados em média cerca de 200 mil imigrantes por ano". Confirma-se?

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Não. Esse número, aliás, está mais próximo do total de naturalizações em toda a União Europeia do que apenas em Portugal. De facto, em 2021, as maiores taxas de naturalização foram registadas na Suécia (10%), Países Baixos (5,4%), Roménia (4,6%), Portugal (3,7%) e Bélgica e Espanha (ambos 2,7%). A taxa de naturalização, explica o Eurostat, "é a razão entre o número de pessoas que adquiriram a cidadania de um país durante um ano sobre o número de residentes estrangeiros no mesmo país no início do ano".

Em 2021, foram 827 mil as pessoas que adquiriram a cidadania de um Estado-Membro da UE onde viviam, um aumento de cerca de 14% (+98 300 pessoas) em comparação com 2020. Os maiores aumentos em termos absolutos foram registados na França (+43.900 cidadanias francesas concedidas em comparação com 2020), Alemanha (+18.800), Espanha (+17.700), Suécia (+9.200) e Áustria (+7.200).

Por outro lado, e contrariando o "post", as maiores reduções foram observadas na Itália (-10.300 cidadanias italianas concedidas em comparação com 2020), Portugal (-7.600), Grécia (-3.200), Finlândia (-1.200) e Chipre (-800). Como em 2020, "a maioria (85%) daqueles que obtiveram a cidadania de um Estado-Membro da UE em 2021 eram cidadãos de um país não pertencente à UE".

Assim, e segundo o Eurostat, em Portugal, houve 32.147 naturalizações em 2020 e 24.516 naturalizações em 2021, ano com dados mais recentes. Nos anos anteriores, as naturalizações nunca chegaram sequer aos 30 mil cidadãos. Ou seja, o "post" em análise transmite informação completamente falsa e nada fidedigna.

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