“Se, num futuro próximo, nos tornarmos uma minoria dentro de Portugal, qual o problema? Os povos sofrem transformações ao longo do tempo, é algo natural.” Esta é a citação atribuída a Rui Tavares que está a ser difundida nas redes sociais, em associação a uma imagem do historiador, deputado e líder do partido Livre. Mas a verdade é que não passa de uma citação apócrifa. Tavares não disse (nem escreveu) que “é algo natural” e não há problema se “nos tornarmos uma minoria dentro de Portugal”.
Além de não existirem registos públicos de tais declarações, o próprio desmente que as tenha proferido em resposta ao Polígrafo.
“Já não é a primeira que partilham essa citação ou outra com o mesmo sentido. Já da outra vez era mentira e continua a ser mentira agora. A única diferença é que antes tinham um grosseiro erro gramatical – ‘houveram’, se bem me lembro – e toda a gente percebeu que eu jamais diria aquilo. Agora devem ter corrigido o erro gramatical mas o problema de fundo subsiste”, afirma Tavares.
Para depois concluir: “Deve ser triste terem tão pouca confiança nos seus argumentos que é preciso inventarem mentiras para colar aos adversários.”
O fundador do Livre tem sido um alvo recorrente deste tipo de desinformação, ao longo dos últimos anos, motivando vários artigos de verificação de factos do Polígrafo.
Em junho de 2024, por exemplo, sinalizámos uma outra citação apócrifa (com usurpação do logótipo do jornal “Expresso” para conferir maior credibilidade à mentira) relacionada com a evolução demográfica e étnica de Portugal. Não disse nem escreveu que se prevê que no Reino Unido os “brancos passem a minoria” e em Portugal as “estimativas são igualmente animadoras”, mas essa falsidade estava a ser partilhada por milhares de pessoas nas redes sociais.
“Se os nacionalistas tivessem um mínimo de amor pela língua portuguesa, saberiam produzir desinformação mais eficaz“, criticou Tavares nessa altura, referindo-se a uma parte da citação que tinha uma formulação errada ao nível linguístico: “As estimativas em Portugal são igualmente animadoras, mesmo que não hajam estatísticas desse tipo.”
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Avaliação do Polígrafo: