Na sua primeira reação pública à crise política em curso por causa da aprovação, pelo PSD, CDS, BE e PCP da recuperação integral do tempo de carreira congelado (9 anos, 4 meses e 2 dias) aos professores, Rui Rio acusou o Governo de encenar “um golpe de teatro” motivado pelo facto de alegadamente a campanha para as eleições europeias não estar a correr de feição para o Partido Socialista.

O líder do PSD garantiu ainda que o que o seu partido vai aprovar na votação final é “o que sempre disse e não terá impacto orçamental em 2019; se assim não fosse era inconstitucional e o PSD não votará nada que seja ilegal”.

Rio garantiu que ainda não viu o texto final da proposta aprovada, mas sublinhou  ter “a certeza absoluta que diz o que o PSD sempre disse: não tem impacto orçamental”. “Compete ao Governo negociar e pode fazê-lo no tempo necessário, podendo contar o que quiser”, afirmou.

Para sublinhar a alegada justeza da medida em causa, Rio fez questão de salientar que os docentes portugueses são mal pagos. “Sabe quanto ganha um professor em topo de carreira?”, perguntou a um jornalista, para responder logo de seguida: “À roda de três mil euros por mês.

Será mesmo assim?

A resposta é positiva: um docente no topo da sua carreira recebe 3.364 euros ilíquidos, correspondentes ao 10.º e último escalão remuneratório das carreiras dos docentes.

Segundo o relatório "Education at a Glance 2018", da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), "ao contrário da maioria dos países da OCDE, os professores em Portugal ganham mais do que os restantes trabalhadores com formação superior. Comparativamente, também os diretores das escolas estão entre os que ganham mais."

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O relatório da OCDE que conclui que os professores portugueses ganham mais do que a média de outros profissionais com qualificações semelhantes

Ainda de acordo com o mesmo relatório, só os professores do Luxemburgo recebem mais do que os portugueses quando se compara o seu rendimento médio com os salários de trabalhadores com formação superior semelhante.

Há, porém, uma explicação para que tal aconteça: a idade média dos professores portugueses é a mais elevada da OCDE: entre 2005 e 2016, as escolas portuguesas viram aumentar em 16% os docentes com mais de 50 anos, ao passo que nos restantes países o envelhecimento foi, em média, de apenas três pontos percentuais.

Ora, sabendo-se que quanto mais velhos forem os professores mais avançados estão na carreira, é também natural que aufiram um salário mais elevado.

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