“Como é que ao fim de seis anos de governação o PS continua à frente nas sondagens e o PSD não passa dos 27%?” Esta foi a pergunta, na entrevista ao jornal “Expresso” (publicada na edição de hoje, 30 de julho), que levou Rui Rio a responder da seguinte forma: “Isso não sou eu que tenho de explicar, são as empresas de sondagens que dão o PS a ganhar sempre. Antes de 2015, o PSD de Passos Coelho levou uma abada em sondagens, depois vieram as eleições e ganhou. E nas eleições de 2019 as sondagens davam-me 18% e depois foram mais de 10%“.
Logo a seguir, questionado sobre se “acha que são as sondagens que são mal feitas“, o líder do PSD sublinhou que “não acho, tenho a certeza“.
No que respeita ao exemplo das eleições legislativas de 2019, tem razão?
Não. Consultando o registo de sondagens arquivado na página da Marktest (com base nos dados da Entidade Reguladora para a Comunicação Social) verificamos que, entre 2015 e 2019, o PSD nunca obteve menos de 20% das intenções de voto em sondagens referentes a eleições legislativas.
Aliás, manteve-se quase sempre mais próximo da fasquia de 30% do que da fasquia de 20%.
Registou-se, contudo, uma quebra acentuada entre julho e agosto de 2019, pouco tempo antes das eleições legislativas (realizadas no dia 6 de outubro de 2019), com o PSD a cair para cerca de 20% das intenções de voto, algo quase inédito na última década.
Numa sondagem da Pitagórica para a rádio TSF e “Jornal de Notícias”, em agosto de 2019, o PSD sob a liderança de Rui Rio atingiu o ponto mais baixo de 20,2% das intenções de voto, ainda assim superior a 18%.
Mas essa quebra não durou muito tempo. Em setembro de 2019, a poucas semanas das eleições legislativas, o PSD voltou a aproximar-se mais da fasquia de 30% das intenções de voto. No dia 15 de setembro, por exemplo, em nova sondagem da Pitagórica para a rádio TSF e “Jornal de Notícias”, o PSD obteve 23,1% das intenções de voto.
A 26 de setembro de 2019, em sondagem da Aximage para o “Jornal Económico”, o PSD surgiu com 25,2% das intenções de voto, em clara tendência de subida depois da quebra em julho e agosto.
E no dia 1 de outubro de 2019, em sondagem da UCP/CESOP, chegou mesmo a 30% das intenções de voto.
Nas urnas, porém, o PSD não foi além de 27,76% dos votos, a menos de 10 pontos percentuais do vencedor das eleições legislativas, o PS, que conquistou 36,34% dos votos (pode consultar aqui os resultados oficiais).
Tendo em conta as sondagens realizadas durante o mês de setembro de 2019, podemos concluir que os resultados finais nas urnas foram bastante próximos de tais estimativas. No que respeita ao PSD e ao PS, há mesmo sondagens realizadas em setembro que praticamente acertaram nas percentagens que viriam a ser apuradas nas urnas de voto.
Apesar da referida quebra do PSD nas intenções de voto em julho e agosto de 2019, o facto é que nunca obteve menos de 20% das intenções de voto em sondagens referentes às eleições legislativas desse ano. Pelo que a afirmação de Rui Rio, nesse ponto, não tem fundamento.
__________________________________________
Avaliação do Polígrafo: