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Rui Rio: “António Oliveira não tem nada a ver com futebol desde 2006”. É verdade?

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O que está em causa?
Rui Rio foi entrevistado ontem, dia 5 de maio, no programa "Grande Entrevista" da RTP. Questionado sobre a candidatura de António Oliveira à Câmara Municipal de Gaia e as ligações que o ex-selecionador tem com o mundo do futebol, o líder do PSD garantiu que o candidato “não tem nada a ver com futebol desde 2006”. Confirma-se?

“António Oliveira não tem nada a ver com futebol desde 2006, onde a última coisa que teve a ver foi ser presidente do clube da terra dele, o Penafiel. Deixou de o ser em 2006″, afirmou Rui Rio, de forma categórica, durante a entrevista conduzida por Vítor Gonçalves na RTP.

Verdade ou falsidade?

As ligações de António Oliveira ao mundo do futebol são conhecidas. Foi jogador durante vários anos no Futebol Clube do Porto e noutros clubes. Mais tarde, foi treinador de várias equipas portuguesas. Foi ainda selecionador nacional entre 1994 e 1996 e entre 2000 e 2002.

Em 2003, tornou-se presidente do Futebol Clube de Penafiel, posição que manteve até 2006, como referido pelo líder do PSD.

Tal como noticiou o Expresso, a 24 de março, António Oliveira detém atualmente mais de um milhão e meio de ações na SAD do FC Porto. Segundo o mesmo jornal, as ações no dia 23 de março valiam 1.155.525 euros. Este número de ações corresponde a mais de 7% do capital do clube, tornando António Oliveira no maior acionista privado da SAD do FC Porto.

Já nessa altura, Rui Rio defendeu que, por Oliveira nunca ter pertencido aos órgãos sociais do clube, “apesar de ter sido convidado em diversas ocasiões”, não se verifica uma situação de incompatibilidade ou de promiscuidade relacionada com a apresentação da candidatura do ex-selecionador à Câmara de Vila Nova de Gaia.

Na entrevista de ontem, o líder do PSD voltou a reforçar a ideia: “No presente momento, [António Oliveira] tem um número significativo de ações num clube de futebol. Aquilo que ele me diz é que essas ações estão repousadas e são tratadas da mesma forma como nós podemos ter ações e como ele também tem, do Facebook, da Google, do BPI. São ações que são um investimento financeiro que ele não utiliza para controlo da empresa“.

“Eu acredito que aquelas ações que foram tratadas até à data desta maneira, não servem para nada, a não ser como investimento financeiro, não para controlo da empresa. Acreditando naturalmente na palavra dele”, defende Rui Rio.

“Em 15 anos de Centro de Treinos do Olival, FC Porto pagou apenas 90 mil euros de renda num gasto de 16 milhões pela autarquia”. Este é um de muitos comentários no Facebook que alertam para o baixo custo (500 euros mensais) de utilização que o FC Porto tem pela utilização de um equipamento que não é seu. É mesmo assim?

Tal como o Polígrafo já verificou anteriormente, desde 2002, o FC Porto transferiu toda a atividade respeitante à preparação da equipa principal de futebol e, mais tarde, também os jogos da equipa B e dos escalões de formação (a partir dos sub-15 anos) para o município de Gaia.

No verão de 2002, com a inauguração do Centro de Estágio do Olival, clube e autarquia acordaram um pagamento simbólico mensal do FC Porto pela utilização do espaço. Esse valor, conforme referiu ao Polígrafo o atual presidente da Câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, seria de 500 euros.

Em suma, conclui-se que é verdade que, a partir de 2006, António Oliveira abandonou os cargos executivos que detinha no FC Penafiel e que, desde aí, não ocupou mais nenhum cargo ou função num clube de futebol. No entanto, é também verdade que é inegável a sua ligação ao FC Porto através das ações que detém na SAD e que correspondem a mais de 7% do capital do clube.

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Avaliação do Polígrafo:

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