- O que está em causa?Nas redes sociais estão a circular vídeos que mostram uma retirada forçada de Rita Matias, deputada do Chega, e de militantes da Juventude do partido. Matias ter-se-á deslocado à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, enquanto decorria um protesto da Greve Climática Estudantil, e, segundo os relatos, acabou escorraçada por vários alunos. Verdade?

"Polícia na FSCH por os alunos se estarem a manifestar contra a presença da Rita Matias na faculdade", lê-se num tweet publicado esta tarde enquanto um protesto da Greve Climática Estudantil decorria na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH), em Lisboa.

O tweet surge acompanhado por uma imagem em que se vê Rita Matias, deputada do Chega, ao lado de três elementos da PSP e vários jovens ao redor, alguns dos quais com megafones. Além deste, há vários vídeos a circular no X que mostram a deputada a sair da faculdade, acompanhada pela polícia, debaixo de protesto dos manifestantes que entoam "25 de Abril sempre, fascismo nunca mais".
Esta quinta-feira, dia 16 de novembro, Rita Matias e militantes da Juventude do Chega, deslocaram-se à faculdade lisboeta com o intuito de, segundo indica a página de Instagram "Fim ao Fóssil FCSH", fazer "propaganda fascista contra a 'ocupa'".
Ao consultar a página de Facebook da deputada, verifica-se que, no início da semana, Rita Matias expressava a sua intenção (e dos militantes da Juventude do Chega) num post em que afirmava que "há quem queira ocupar as Universidades, já nós queremos que estas sejam desocupadas de doutrinação".
Entre as imagens que acompanham o post, está uma de um panfleto em que se lê que a "Juventude Chega apresenta: Desmontar a crise climática para totós" e o hashtag "apanhados do clima". No panfleto lê-se ainda "Fim ao fútil climarxista".
O Polígrafo contactou o Chega questionando quais as motivações que levaram a deputada e militantes da Juventude do Chega à FCSH. Em resposta, o partido indicou que a Juventude do Chega "tem estado a ir a várias universidades para falar sobre a necessidade de despolitizar o ensino superior" e que esta "é uma iniciativa da própria Juventude".
Quanto à ida à FCSH, foi uma "ida voluntária que desconstrói a utilização da agenda climática para fins ideológicos, nomeadamente marxistas".
No X, a deputada rejeitou que tivesse sido expulsa alegando que a "ação que corria manifestamente bem, com novos militantes e boa adesão", mas "quando os ativistas climáticos saíram das tendas (a meio da manhã) fomos cercados, insultados, ameaçados e agredidos".
Matias acrescentou que "os que se diziam donos da democracia foram incapazes de respeitar um grupo de jovens que estava pacificamente a defender aquilo em que acredita" e que, "ao contrário do que pretendiam, não fomos expulsos".
"Saímos pelo nosso pé depois das autoridades terem identificado os agressores. Resistimos e resistiremos. Não apenas por nós, mas por todos os que não se revêm nestes comportamentos violentos e que desejam faculdades livres de totalitarismos. Voltaremos!", conclui o tweet publicado às 16h41.
Contactada pelo Polígrafo, a PSP esclareceu que "pelas 12h54 foi comunicado à PSP, através do 112, que na Faculdade de Ciências, sita na Avenida de Berna, em Lisboa, um deputado do partido Chega solicitou auxílio por sentir a sua integridade física em risco, no interior daquelas instalações".
Desta deslocação, indica a autoridade, "resultou a identificação de quatro suspeitos por ameaças" e a "comitiva do partido Chega abandonou, por iniciativa própria, aquele local após a resolução da ocorrência".
Questionada sobre se houve alguma agressão, a PSP indicou que "no local não se confirmaram agressões, mas sim ameaças".
Nota editorial: este texto foi atualizado às 23h07 de 16 de novembro com a inserção da resposta enviada ao Polígrafo pelo Chega após a publicação do artigo.
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Avaliação do Polígrafo:
