A iniciativa continua online para aqueles que a quiserem revisitar: “Um grupo de 22 jovens palestinianos, entre os 12 e os 16 anos, estiveram no Seixal, na Escola Secundária José Afonso (ESJA), para um dia cheio de atividades.” Descrição é feita pela Missão Diplomática da Palestina em Lisboa, mas a iniciativa veio mesmo do Município do Seixal, com o apoio de várias entidades e organizações como a Casa Árabe, Seixal Clube 1925 e a Associação Rato.
“Esta iniciativa acredita que a interação entre os jovens tem um papel importante no fortalecimento dos laços de amizade, paz e cooperação, proporcionando uma oportunidade única de aprendizagem e abertura de horizontes para crianças que sofrem de um cenário de violência e guerra diárias“, lê-se no portal consultado pelo Polígrafo.
Entre os vários participantes, encontramos Rita Matias, ex-aluna da ESJA e voluntária do Campo de Férias do Seixal, que seria, três anos mais tarde, eleita deputada à Assembleia da República pelo partido de André Ventura. Testemunhos daquele campo de férias, confirmados ao Polígrafo pela própria, mostram a então licenciada em Ciência Política a lamentar a indiferença perante o sofrimento do povo palestiniano.
“Não muito longe de nós e em pleno século XXI, existem pessoas absolutamente talentosas e generosas que todos os dias sofrem atentados à dignidade humana. Foi um confronto para a nossa liberdade, saber que neste mundo ocorrem atrocidades e injustiças tamanhas”, comentou Matias. Para a agora deputada, “podemos não ter a capacidade de estabelecer a paz, mas podemos demonstrar o nosso apoio a este povo“.
Como? Matias também explica: pensar na Palestina durante 10 minutos. “A resposta ao sofrimento de um povo não deveria ser a indiferença. Não fique indiferente“, apelou.
Ao Polígrafo, a deputada do Chega, que condenou de imediato os “ataques de larga dimensão, perpetrados por grupos terroristas a partir da Faixa de Gaza, contra o Estado de Israel e o seu povo”, afirma ter colaborado durante cinco anos com o Campo de Férias da disciplina de Religião e Moral, promovido pela ESJA, no Seixal. “Em 2019, a Câmara Municipal do Seixal, no âmbito do projeto ‘Municípios pela Paz’, estabeleceu ligações com a Missão Diplomática da Palestina para acolher cerca de duas dezenas de jovens nessa edição do campo de férias”, confirma.
Apesar disso, Matias entende que o “projeto da escola era anterior a qualquer outro” e que visava apenas o “acompanhamento de crianças desfavorecidas no Concelho do Seixal”. No entanto, e perante o pedido de colaboração da Câmara Municipal, “a escola deu o seu consentimento”.
“Fui monitora no campo e, como se vê no testemunho que dei, lamento a situação que estas crianças enfrentam”, reitera a deputada. Mas agora com um twist: “Principalmente a instrumentalização da sua dor e história por organizações terroristas de fundamentalismo islâmico, como o Hamas. Os palestinianos são vítimas também dessas organizações.”