Não parecia haver tempo para falar sobre regionalização no debate de ontem à noite, na TVI, que juntou pela primeira vez os dois líderes de uma possível coligação que ficou pelo caminho, mas Francisco Rodrigues dos Santos não quis deixar o tema esquecido e aproveitou a intervenção final para lembrar que a posição de Rui Rio não vai, neste momento, ao encontro da sua.
“A regionalização é outro ponto que nos separa profundamente. O doutor Rui Rio é a favor, já foi contra. Eu só quero explicar porque é que sou absolutamente contra: Não quero que se crie uma nova classe política, mais tachos, mais oportunidades de corrupção, mais impostos, aumento da despesa. O que é importante é uma administração de proximidade com serviços ao nível distrital e não tentar criar regiões que vão agravar o problema”, defendeu o líder do CDS-PP.
“Se a regionalização for isso que está a dizer também sou contra“, interveio Rio, numa tentativa de aproximação ao adversário. “Fica registado para memória futura que Rui Rio também votará contra a regionalização”, disse Rodrigues dos Santos, entre sorrisos.
De facto, embora tenha apelado ao voto contra a regionalização no referendo de 1998, enquanto secretário-geral do PSD, liderado na altura por Marcelo Rebelo de Sousa, a posição de Rio mudou com a passagem do tempo. Em recente entrevista à RTP, o atual líder do PSD afirmou que é agora a favor de um novo referendo sobre a regionalização.
Esta proposta foi apresentada por António Costa, que apontou 2024 como o ano em que será dada “voz ao povo” sobre a regionalização. “Sobre o referendo, não tenho dúvidas, acho que deve ser feito”, assegurou Rio, até porque o país “ficou pior”.
“Portugal está cada vez mais centralizado, o interior cada vez mais desertificado. Eu hoje tenho uma posição diferente e tenho abertura à regionalização, mas não sou a favor da regionalização de qualquer maneira, depende da regionalização”, explicou o líder do PSD.
Em 2010, como presidente da Câmara Municipal do Porto, Rio já defendera um referendo sobre a regionalização, assumindo ter mudado de opinião quando votou contra a divisão administrativa por regiões.
“É possível neste momento acentuar o debate e procurar fazer um diploma que possa vir a ser votado e depois referendado pelos portugueses”, mas apenas “através de uma lei já votada na Assembleia da República, em que as pessoas soubessem que estavam a decidir exatamente aquilo e não a passar um cheque em branco para uma lei posterior”, declarou Rio à Agência Lusa.
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