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Rio já foi contra e a favor da regionalização, como lembra Rodrigues dos Santos?

Legislativas 2022
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O que está em causa?
No debate pré-eleitoral que juntou os líderes do PSD e do CDS-PP à mesa, Francisco Rodrigues dos Santos bem tentou afastar-se dos ideais do "centro-direita", mas a verdade é que, nem se quisessem, os dois poderiam ter estado em tão grande sintonia. Desde o SNS até à TAP e passando pelos impostos, quase só a regionalização parece colocá-los em discórdia, com Rodrigues dos Santos a apontar: "Rui Rio é a favor, já foi contra. Eu sou absolutamente contra".

Não parecia haver tempo para falar sobre regionalização no debate de ontem à noite, na TVI, que juntou pela primeira vez os dois líderes de uma possível coligação que ficou pelo caminho, mas Francisco Rodrigues dos Santos não quis deixar o tema esquecido e aproveitou a intervenção final para lembrar que a posição de Rui Rio não vai, neste momento, ao encontro da sua.

“A regionalização é outro ponto que nos separa profundamente. O doutor Rui Rio é a favor, já foi contra. Eu só quero explicar porque é que sou absolutamente contra: Não quero que se crie uma nova classe política, mais tachos, mais oportunidades de corrupção, mais impostos, aumento da despesa. O que é importante é uma administração de proximidade com serviços ao nível distrital e não tentar criar regiões que vão agravar o problema”, defendeu o líder do CDS-PP.

“Se a regionalização for isso que está a dizer também sou contra“, interveio Rio, numa tentativa de aproximação ao adversário. “Fica registado para memória futura que Rui Rio também votará contra a regionalização”, disse Rodrigues dos Santos, entre sorrisos.

De facto, embora tenha apelado ao voto contra a regionalização no referendo de 1998, enquanto secretário-geral do PSD, liderado na altura por Marcelo Rebelo de Sousa, a posição de Rio mudou com a passagem do tempo. Em recente entrevista à RTP, o atual líder do PSD afirmou que é agora a favor de um novo referendo sobre a regionalização.

Nenhum dos dois se estreou esta quarta-feira na série de debates entre os líderes dos partidos candidatos às legislativas e, aliás, Rui Rio dedicou os primeiros minutos a explicar a sua posição sobre a prisão perpétua que tinha suscitado dúvidas no debate anterior. Por seu lado, Catarina Martins voltou a defender o reforço do serviço público de saúde e o aumento dos salários, procurando salientar as diferenças em relação ao adversário. Num total de 12 verificações de factos, quem terá obtido mais carimbos de "Verdadeiro" e de "Falso"?

Esta proposta foi apresentada por António Costa, que apontou 2024 como o ano em que será dada “voz ao povo” sobre a regionalização. “Sobre o referendo, não tenho dúvidas, acho que deve ser feito”, assegurou Rio, até porque o país “ficou pior”.

“Portugal está cada vez mais centralizado, o interior cada vez mais desertificado. Eu hoje tenho uma posição diferente e tenho abertura à regionalização, mas não sou a favor da regionalização de qualquer maneira, depende da regionalização”, explicou o líder do PSD.

Em 2010, como presidente da Câmara Municipal do Porto, Rio já defendera um referendo sobre a regionalização, assumindo ter mudado de opinião quando votou contra a divisão administrativa por regiões.

“É possível neste momento acentuar o debate e procurar fazer um diploma que possa vir a ser votado e depois referendado pelos portugueses”, mas apenas “através de uma lei já votada na Assembleia da República, em que as pessoas soubessem que estavam a decidir exatamente aquilo e não a passar um cheque em branco para uma lei posterior”, declarou Rio à Agência Lusa.

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