O rumor já é antigo e continua a alimentar várias publicações e discussões online. Corria o ano de 1969 e Richard Nixon terá tomado a decisão de atacar com armas nucleares a Coreia do Norte. Henry Kissinger, um dos seus conselheiros de Estado, terá conseguido fazer com que o presidente deixasse o ataque em suspenso até à manhã seguinte, altura em que já estaria sóbrio. 

Confirma-se que, caso Kissinger não tivesse intervindo nesta situação, a Coreia do Norte teria sido atacada com base numa decisão tomada num momento de desequilíbrio do presidente? A resposta é difícil de dar. 

Desde logo, é preciso deixar claro que era conhecido do público que Richard Nixon lidava com várias dependências, do álcool aos medicamentos.  Bob Woodward e Carl Bernstein, os jornalistas que estiveram por detrás da revelação do "caso Watergate", escreveram no livro dedicado aos últimos dias de Nixon na Casa Branca que o presidente costumava começar a beber "durante a tarde" e que, devido a receios em torno de algumas tentativas de suicídio, "os medicamentos para dormir e tranquilizantes foram-lhe retirados". 

No entanto, esta situação em específico foi levantada por Anthony Summers e Robbyn Swan, dois reputados jornalistas que investigaram a parte secreta do Governo Nixon. Para o livro "The Arrogance of Power: The Secret World of Richard Nixon", os autores entrevistaram pessoas próximas do presidente e até o seu psicoterapeuta. "O maior especialista da CIA no assunto Vietname, George Carver, terá dito que em 1969, quando os norte-coreanos abateram um avião espião dos EUA, Nixon ficou irritado e ordenou um ataque nuclear tático. O Joint Staff foi alertado e foram-lhes pedidas recomendações de alvos, mas Kissinger telefonou-lhes. Eles concordaram em não fazer nada até Nixon ficar sóbrio pela manhã".

A tentativa de ataque foi confirmada em 2010 à NPR, quando Bruce Charles, um membro da Força Aérea norte-americana contou a história de como, quando estava na Coreia do Sul numa missão temporária, recebeu a ordem de se preparar para apontar a bomba B61 que trazia no seu F-4  (uma bomba 20 vezes maior que aquela que atingiu Hiroshima) à Coreia do Norte. Depois de algumas horas de espera pela decisão final, a luz verde acabou por nunca chegar.

Carver foi, no entanto, o único do grupo próximo de Nixon que, a Summers e Swan, fez a ligação entre este episódio e o estado alcoolizado do presidente. Mais tarde, quando a Fundação Richard Nixon publicou um ensaio sobre como o presidente lidou com a difícil relação com a Coreia do Norte, este pormenor não foi incluído. Assim, e apenas com uma fonte que falou abertamente desta situação, não é possível confirmar ou desmentir que tal se tenha realmente verificado. Permanece então uma incógnita em torno do estado do presidente na altura em que terá ordenado um ataque nuclear contra a Coreia do Norte.

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