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Recomendações para “tratamento precoce da Covid-19” têm validade científica?

Coronavírus
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
Está a circular nas redes sociais uma publicação na qual se divulga um suposto "tratamento precoce da Covid-19", baseado em vários medicamentos e vitaminas, alegadamente remetido pelo "Comité para o Combate ao Coronavírus" de um município brasileiro do Estado da Bahia. Verdadeiro ou falso?

“Tratamento precoce da Covid-19”, destaca-se no título da publicação em causa. A autoria é atribuída a um suposto “Comité para o Combate ao Coronavírus” localizado em Vitória da Conquista, município do Estado da Bahia, no Nordeste do Brasil.

Segue-se uma lista de medicamentos indicados para prevenir a doença do novo coronavírus, tais como a Ivermectina, a Hidroxicloroquina, a Azitromicina e até mesmo o zinco e a vitamina D.

Estas recomendações têm validade científica?

Questionado pelo Polígrafo, Celso Cunha, virologista, sublinha que “não há tratamentos profiláticos nem precoces para a Covid-19. Essa publicação é uma amálgama de supostos tratamentos que já foram sobejamente desaconselhados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e por quase todos os médicos do mundo. Têm efeitos secundários importantes e o seu potencial beneficio para doentes de Covid-19 é negligenciável“.

“A publicação não é verdadeira e torna-se perigosa ao mencionarem-se antibióticos que podem provocar o surgimento de bactérias resistentes (azitromicina, por exemplo)”, sublinha o virologista Celso Cunha.

“A publicação não é verdadeira e torna-se perigosa ao mencionarem-se antibióticos que podem provocar o surgimento de bactérias resistentes (azitromicina, por exemplo)”, sublinha Celso Cunha. Relativamente à vitamina D e ao zinco, o especialista indica que “não há nenhum estudo que conheça que demonstre eventuais benefícios. Especulou-se sobre a vitamina D e eventualmente o zinco, mas nada de conclusivo“.

Tal como o Polígrafo já verificou recentemente (pode ler aqui e aqui), não há qualquer evidência científica que sustente a eficácia da Ivermectina ou da Hidroxicloroquina no tratamento e/ou prevenção da Covid-19.

O panfleto divulgado na publicação sob análise tem o logótipo do município brasileiro Vitória da Conquista, situado no Estado da Bahia. No dia 6 de julho, o referido município emitiu um comunicado no site oficial desmentindo a autoria de tal panfleto.

“A Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista esclarece que não é a responsável pela divulgação de um card com suposto tratamento precoce da Covid-19 e desconhece sua autoria. A Secretaria Municipal de Saúde tem agido com total transparência em relação às medidas de prevenção, controle e combate à pandemia do novo coronavírus no município e todas as informações são disponibilizadas no site criado para divulgação exclusiva das ações da Prefeitura. É importante ainda reforçar que nenhum servidor público tem autorização para utilizar o logótipo do Governo Municipal em materiais de divulgação sem a devida autorização da Secretaria de Comunicação”, informa-se no texto.

Em suma, as informações veiculadas na publicação são falsas e enganadoras.

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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.

Na escala de avaliação do Facebookeste conteúdo é:

Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos.

Na escala de avaliação do Polígrafoeste conteúdo é:

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