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Receita fiscal cresceu 11,3 mil milhões de euros e carga fiscal aumentou para 36,4% do PIB em 2022?

Economia
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
"Nota-se nos últimos 10 anos um crescimento das receitas fiscais relativamente ao PIB nominal com excepção de 2016 e 2019, daí um aumento da carga fiscal para 36,4% do PIB", destaca-se em publicação no Facebook que foi remetida ao Polígrafo com pedido de verificação de factos.

“Em 2022, as receitas fiscais das Administrações fixaram-se em 87,1 mil milhões de euros, aumentando cerca de 11,3 mil milhões de euros relativamente a 2021, um aumento das receitas fiscais de 14,9% enquanto o PIB [Produto Interno Bruto] em volume aumentou 6,7%”, alega-se num post de 15 de abril no Facebook.

“Nota-se nos últimos 10 anos um crescimento das receitas fiscais relativamente ao PIB nominal com excepção de 2016 e 2019, daí um aumento da carga fiscal para 36,4% do PIB“, sublinha-se no mesmo texto, apresentando depois um gráfico com dados sobre a variação da carga fiscal e do PIB entre 2010 e 2022.

Os números indicados têm fundamento?

De acordo com o mais recente boletim de “Estatísticas das Receitas Fiscais” (pode consultar aqui), divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) no dia 13 de abril, “em 2022, a carga fiscal aumentou 14,9% em termos nominais, atingindo 87,1 mil milhões de euros, o que correspondeu a 36,4% do PIB (35,3% no ano anterior). Considerando 2021, último ano com informação disponível para a União Europeia (UE27) e excluindo os impostos recebidos pelas Instituições da União Europeia, Portugal continuou a apresentar uma carga fiscal (35,1%) inferior à média da UE27 (40,5%)”.

A receita com impostos diretos aumentou 24,1%, refletindo sobretudo a evolução da receita do imposto sobre o rendimento das pessoas singulares (IRS), que cresceu 12,8%. As contribuições sociais efetivas tiveram um crescimento de 10,2%, refletindo, nomeadamente, o crescimento do emprego remunerado, as atualizações salariais e a subida do salário mínimo. Quanto à receita do imposto sobre o rendimento das pessoas coletivas (IRC), esta cresceu 59,6%, beneficiando do comportamento mais favorável da economia portuguesa em 2022″, informou o INE.

Na sequência da notícia de que a carga fiscal em Portugal subiu para 35,4% do PIB em 2018, o valor mais elevado desde 2000, surgiram várias publicações e comentários nas redes sociais em que se confunde a carga fiscal com a receita fiscal e vice-versa. O Polígrafo esclarece a diferença entre os dois conceitos e respetivas formas de cálculo.

Mais especificamente sobre a receita fiscal, “em 2022, as receitas fiscais das Administrações Públicas fixaram-se em 87,1 mil milhões de euros, aumentando cerca de 11,3 mil milhões de euros relativamente a 2021. Esta evolução das receitas fiscais beneficiou do crescimento de 6,7% em volume do PIB, o mais elevado desde 1987 e, no contexto internacional de elevada inflação, da aceleração do deflator implícito do PIB, que registou a variação mais elevada desde 1995 (+4,5%)”.

“Como a variação nominal da receita fiscal (+14,9%) foi superior à do PIB (+11,4%), a carga fiscal em percentagem do PIB aumentou para 36,4% em 2021 (35,3% no ano anterior)”, sublinhou o INE.

“O aumento da receita fiscal (+11,267 mil milhões de euros) traduziu sobretudo o comportamento das receitas do IVA, do IRC, das contribuições sociais efetivas e do IRS, que cresceram 3,455 mil milhões de euros, 2,897 mil milhões de euros, 2,29 mil milhões de euros e 1,925 mil milhões de euros, respetivamente”, especificou. “Em sentido contrário, as receitas com o ISP desceram 757 milhões de euros, tendo sido o único imposto com um comportamento negativo, refletindo as medidas implementadas pelo Governo de mitigação do aumento dos preços dos combustíveis, através de uma redução do imposto sobre os combustíveis”.

A tabela é do "Instituto +Liberdade" e tem por base dados recentes da OCDE, que mostram que a carga fiscal portuguesa foi uma das que mais aumentou entre 2010 e 2021, cerca de 5,4 pontos percentuais. Será assim?

Segundo apurou o INE, “em 2022, todas as componentes da carga fiscal subiram, destacando-se a evolução dos impostos diretos (+24,1%). Os impostos indiretos aumentaram 12,2%, bem como as contribuições sociais efetivas (+10,2%)”.

A publicação em causa replica esta informação do INE, pelo que aplicamos o selo de “Verdadeiro”.

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Avaliação do Polígrafo:

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