O deputado do Chega, Pedro Frazão, veio com dois anos de atraso denunciar um “escândalo na Emel” que, afinal, não existe. O vice-presidente do partido de extrema-direita diz que a empresa de mobilidade e estacionamento de Lisboa é “uma máquina de caça à multa, onde os fiscais são pressionados a passar 900 multas por mês para receberem um prémio”.
Há mais: “Quem não cumprir, sofre penalizações“, garante Frazão, que apelida esta prática de “assédio moral a trabalhadores e roubo aos lisboetas”. O deputado pede a extinção da Emel, mas será que as suas palavras são fundamentadas?
Não. Ao Polígrafo, a empresa que gere o estacionamento na capital diz que “nunca existiu qualquer prémio baseado exclusivamente no número de multas”, apesar de, no passado, as multas serem um fator num “sistema de incentivos” que também considerava a “assiduidade, a reparação de avarias em parquímetros, ou mesmo rapidez no desbloqueio de viaturas entre outros”. A Emel admite que “a forma como estava implementado este incentivo criava uma perceção menos positiva na opinião pública” e que, por esse motivo, há desde janeiro de 2024 um “novo sistema de incentivos” que “passou a orientar os incentivos de fiscalização para indicadores de performance em situações prioritárias de mobilidade”.
“Esta nova metodologia assenta prioritariamente na identificação de ocorrências graves, em detrimento da multa nas zonas tarifadas, nomeadamente infrações com impacto negativo na mobilidade como estacionamento em passeios, passadeiras, segunda fila, faixas BUS, lugares destinados a veículos de emergência e lugares de deficientes”, especifica.
Quanto à premiação relacionada com multas, a Emel garante que já nada é feito nesse sentido e que “nenhum trabalhador é penalizado no seu vencimento base”, já que, de novo, o sistema de reconhecimento de mérito “não contempla penalizações por desempenho numa única métrica como o número de autos“.
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Avaliação do Polígrafo: