Quem é o selecionador nacional com melhor performance estatística desde 2004?

Desde o Euro 2004 realizado em Portugal, a seleção portuguesa teve cinco selecionadores: Luiz Felipe Scolari (2002-2008); Carlos Queiroz (2008-2010); Paulo Bento (2010-2014); Fernando Santos (2014-2022) e Roberto Martínez (2023-?).

O Polígrafo Futebol mediu o desempenho destes selecionadores nos jogos oficiais de Campeonato da Europa, Campeonato do Mundo e Liga das Nações. A avaliação estatística divide-se em duas vertentes: pontos conquistados nas fases de grupos (seja na fase de qualificação, seja na fase final) e resultado final nos jogos a eliminar (qualificado ou não qualificado), aqueles que Scolari designava “mata-mata”.

Os play-off que, nas fases de qualificação, Portugal foi obrigado a disputar por ser 2.º lugar nos respetivos grupos não foram contabilizadas, uma vez que decorrem de um insucesso, ainda que relativo (não ter ficado no 1.º lugar). O Dinamarca-Portugal dos quartos de final da edição deste ano da Liga das Nações foi contado no contingente das eliminatórias (o cômputo dos dois jogos).

As percentagens uniformizam a comparação entre selecionadores com um número de jogos muito distinto. Enquanto Fernando Santos (mais de oito anos no cargo) disputou 61 jogos nas fases de grupos e 10 nas fases a eliminar de 2 europeus, 2 mundiais e 3 Liga das Nações, Carlos Queiroz (praticamente dois anos à frente da seleção) cumpriu apenas 13 jogos nas fases de grupos e 1 jogo em eliminatórias (referentes somente à campanha do Mundial 2010).

Por número de competições, Scolari é aquele que está logo atrás de Fernando Santos: 2 europeus e 1 mundial (embora em 2004, não tivesse disputado qualificação, pois Portugal era o país anfitrião da prova).

Nas fases de grupos, o selecionador de Portugal que conquistou o maior número relativo dos pontos disputados foi/é, destacadamente, Roberto Martínez (87,7%), valor para o qual tem um peso determinante as 10 vitórias em 10 desafios na fase de qualificação do Euro 2024. Segue-se Scolari com 76,5% (23 vitórias/9 empates/2 derrotas) e só depois Fernando Santos com 71,6% (39 vitórias/14 empates/8 derrotas). Paulo Bento (14 vitórias/5 empates/6 derrotas) e Carlos Queiroz (6 vitórias/6 empates/1 derrota) completam a classificação, ambos com menos de 2/3 dos pontos disputados (62,7 e 61,5, respetivamente). Refira-se que Paulo Bento foi o único dos cinco a deixar esta marca negativa: ser eliminado na fase de grupos de um europeu/mundial. Aconteceu no campeonato do mundo disputado no Brasil (2014), 12 anos depois do último fracasso semelhante (António Oliveira no Mundial 2002).

Quanto à fase a eliminar (qualificar-se ou não num só jogo), Fernando Santos tem o melhor registo (70% vitorioso), graças às 4 vitórias no Euro 2016 e aos 2 triunfos na Liga das Nações 2018/19, isto apesar das eliminações sucessivas no Mundial 2018, Euro 2020 e Mundial 2022, as duas primeiras logo nos oitavos de final (contra Uruguai e Bélgica, respetivamente). No 2.º lugar está Roberto Martínez (66,7%), tendo disputado apenas os oitavos e quartos de final do Euro 2024 e o play-off de acesso à final four da Liga das Nações (contra a Dinamarca). Scolari e Paulo Bento têm ambos um registo de 50/50, embora o treinador brasileiro acumule mais jogos à frente de Portugal do que o português nesta fase decisiva da competição (8 vs 2). Carlos Queiroz (apenas selecionador numa grande competição) perdeu o único jogo a eliminar: com a Espanha (0-1) nos oitavos de final do Mundial 2010, na África do Sul.

O registo abrange os jogos desde o Euro 2004 aos quartos de final da edição deste ano da Liga das Nações.

Ranking de eficácia pontual nas competições de grupos (fases de qualificação e fases finais)

Ranking de eficácia nas eliminatórias *

*Não inclui os play-off de qualificação para o Campeonato da Europa e Campeonato do Mundo

Desta forma, o selecionador com melhor desempenho nas fases de grupos é Roberto Martínez e aquele que conseguiu melhores resultados nas eliminatórias foi Fernando Santos.