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Quando soldados ucranianos feridos de guerra foram ao Parlamento e “receberam ovação de pé, o grupo parlamentar do PCP ficou sentado”?

Política
O que está em causa?
Em comentário no canal Now, esta tarde, o vice-presidente do CDS-PP, Paulo Núncio, acusou o PS de “durante pelo menos quatro anos” ter estado coligado “com partidos que são contra a Europa, contra a NATO, que são favoráveis a [Vladimir] Putin”. Exemplo disso será um episódio que aconteceu “esta semana”, quando “soldados feridos ucranianos foram às galerias do Parlamento e receberam uma ovação de pé de todas as bancadas”, à exceção do PCP. Verdade ou mentira?

Num final de tarde (de hoje, 27 de junho) que se afigurava de decisões para a definição dos altos cargos da União Europeia, enquanto se aguardava a confirmação do nome de António Costa para a Presidência do Conselho Europeu, Eduardo Cabrita, ex-ministro da Administração Interna, alertou, em comentário no canal Now, que a “Europa está a virar à direita”. Nesse momento, referia-se àquela que é a composição atual do Conselho Europeu, com um maior número de chefes de Estado ou de Governo dessa ideologia do que acontecia “há uns meses”.

Lembrou ainda, a esse propósito, o caso do “novo Governo holandês, liderado pela extrema-direita, com a participação dos democratas-cristãos e dos liberais, como parceiros menores”. Ao que o seu opositor nesse frente-a-frente, Paulo Núncio (deputado do CDS-PP), recordou que “o PS também esteve coligado com a extrema-esquerda durante, pelo menos, quatro anos”. Ou, por outras palavras, “com partidos que são contra a Europa, contra a NATO, que são favoráveis a Putin”, acrescentou.

No seguimento desta ideia, o líder da bancada parlamentar do CDS-PP concluiu o raciocínio, dizendo: “Ainda esta semana, assistimos a uma cena absolutamente lamentável do Partido Comunista. Quando soldados feridos ucranianos foram às galerias do Parlamento e receberam uma ovação de pé de todas as bancadas, o grupo parlamentar do Partido Comunista ficou sentado e não deu uma única palma aos soldados ucranianos.”

Esta última alegação tem fundamento?

O incidente, que ocorreu durante a sessão plenária de quarta-feira à tarde (26 de junho), já foi destacado pela SIC Notícias, informando que esses militares “que seguravam uma bandeira da Ucrânia, foram aplaudidos durante cerca de um minuto pelos deputados e membros do Executivo, à exceção da bancada do PCP”.

É um facto comprovado através da consulta das imagens, disponibilizadas na página da ARTV, relativas a essa sessão, que se iniciou com o debate com o Primeiro-Ministro, Luís Montenegro.

Por volta do oitavo minuto da transmissão, o presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, anunciou que seria dado o início à sessão, informando, de seguida, que estariam “a assistir aos trabalhos”, entre outros grupos de cidadãos nacionais, “um grupo de 11 militares, feridos de guerra ucranianos, que se encontram em Portugal para recuperação no Centro de Reabilitação Fénix, em Ourém”.

De facto, as imagens não deixam margem para dúvidas: enquanto a quase totalidade dos elementos das restantes bancadas parlamentares e do Governo optaram, mais tarde ou mais cedo, por se colocar de pé para aderir à sonora ovação destinada aos combatentes, os deputados do PCP permaneceram sentados e, segundo os planos fornecidos pela ARTV na transmissão disponível online, sem sequer bater palmas enquanto decorria tal momento de homenagem.

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Avaliação do Polígrafo:

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