“Uma acusação surpreendente”, lê-se num tweet publicado por um utilizador no X, que informa que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, acusou os Estados Unidos de estarem a preparar uma segunda pandemia, em ano de 2024, recorrendo a uma “arma biológica aviária”.
O utilizador afirma que Putin lançou esta acusação durante uma conferência de imprensa militar, na Rússia, elaborando que o objetivo dessa operação seria boicotar as eleições presidenciais dos EUA. Alegou também que o responsável pela pandemia seria o Estado Profundo (“Deep State”), ou seja, um suposto Estado paralelo e clandestino – muitas vezes mencionado em teorias da conspiração – que tem como fim exercer poder sobre o Governo eleito.
Por fim, identifica-se ainda, no mesmo post, uma hiperligação que remete para um artigo com mais informações sobre esta suposta acusação.
A publicação conta, até à data, com cerca de 4,5 milhões de visualizações, 50 mil gostos e 20 mil partilhas.
Mas será que existe algum fundo de verdade neste artigo?
Não. Começando pelo link partilhado pelo utilizador, o mesmo remete para um artigo publicado num site onde o próprio partilha vários textos que, tal como este, não apresentam qualquer fonte. Além disso, na secção “Sobre Nós” do site não existe nenhuma informação que prove a credibilidade do que é apresentado, como constatou também o “Lead Stories”.
No artigo citado alega-se que a acusação foi feita numa conferência de imprensa militar, mas sem descrever onde decorreu a mesma – apenas se sabe que terá ocorrido na Rússia – e muito menos quando foi realizada. Além disso, o artigo não apresenta citações proferidas por Vladimir Putin ou outras fontes de informação que sustentem as acusações de uma eventual segunda pandemia que estaria a ser preparada para boicotar as eleições norte-americanas, tal como expresso no tweet.
Por outro lado, o “Estado Profundo” mencionado no artigo trata-se de um termo frequentemente utilizado no contexto de teorias de conspiração, dado que não existe qualquer registo oficial da existência de tal organização.
Por fim, utilizando um software de deteção de conteúdo concebido por Inteligência Artificial (IA), o “Lead Stories” concluiu ainda que o texto que compõe o artigo de onde parte esta alegação detém uma probabilidade de 99,9% de ter sido redigido com recurso a ferramentas desta natureza, o que sustenta que a afirmação alvo de análise não tem qualquer fundamento nem fonte fidedigna.
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Este artigo foi desenvolvido pelo Polígrafo no âmbito do projeto “Geração V – em nome da Verdade”, uma rede nacional de jovens fact-checkers. O projeto foi concretizado em parceria com a Fundação Porticus, que o financia. Os dados, informações ou pontos de vista expressos neste âmbito, são da responsabilidade dos autores, pessoas entrevistadas, editores e do próprio Polígrafo enquanto coordenador do projeto.
*Texto editado por Ema Gil Pires.
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Avaliação do Polígrafo:
