“Um cigano será sempre um cigano”, acusa-se numa das publicações nas redes sociais (neste caso no X/Twitter) que exibe uma imagem do cantor Nininho Vaz Maia, aparentemente captada durante um concerto, de tronco nu e com uma pulseira eletrónica (assinalada a tinta vermelha) no tornozelo esquerdo.
Algumas outras publicações e diversos comentários vão mais além na correlação explícita entre a etnia cigana e a prática criminal, apontando para supostos casos de tráfico de droga (entre outros crimes) e sugerindo que nem o meteórico sucesso da carreira musical terá desviado o lisboeta Avelino Abel Vaz Maia (nome real) das malhas do crime.
Mas o facto é que a história desta imagem está a ser mal contada.
Nos dois concertos (15 e 16 de março) em que Nininho Vaz Maia esgotou a lotação da “Meo Arena”, em Lisboa, ao interpretar o seu primeiro grande êxito – “Já Conheço o Teu Olhar”, canção lançada no YouTube em 2013 pela sua prima Fabiana Maia -, fez questão de recriar a sua imagem nesse vídeo antigo: de tronco nu, sentado no sofá e com uma pulseira eletrónica no tornozelo.
Ou seja, a pulseira eletrónica visível na imagem que está a circular nas redes sociais não é verdadeira. Faz parte de uma encenação do cantor em palco, durante um dos últimos espetáculos. Ainda que represente, no plano simbólico, algo que viveu realmente há mais de uma década. Muito antes do sucesso na música, do disco de platina (“Raízes”, álbum de estreia em 2021) e das salas cheias de fãs.
“Em 2013, Nininho, com origens ciganas, ficou privado de liberdade e foi obrigado a cumprir uma pena de um ano e meio em prisão domiciliária imposta pela Justiça. Tudo aconteceu depois de se ter envolvido numa rixa entre dois grupos de pessoas na noite. Como tinha antecedentes criminais acabaria por ficar a cumprir pena com pulseira eletrónica”, reportou o “Correio da Manhã”.
Foi durante esse período de reclusão que Nininho Vaz Maia decidiu focar-se na música (o vídeo publicado pela prima no YouTube foi gravado nessa fase embrionária do seu talento) e a ascensão nos últimos anos tem sido notável.
Nos referidos concertos, o cantor recordou esses tempos mais difíceis da sua vida ao interpretar a tal primeira canção. “Queria mostrar que não tenho vergonha, dar-me a conhecer àqueles que não sabiam como eu comecei, dar valor ao momento em que me encontro hoje”, contou entretanto ao “Observador”.
Atualmente não tem problemas com a Justiça, nem está em prisão domiciliária. E aquela pulseira eletrónica utilizada no espetáculo – voltamos a sublinhar – é falsa.
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Avaliação do Polígrafo: