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PS rejeitou vale de Cultura para jovens no OE2022 e agora propõe vantagem idêntica na CML? Sim, mas há várias diferenças

Política
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
O deputado do PSD Alexandre Poço utilizou as redes sociais para colocar em destaque duas propostas de um voucher cultural para jovens. Uma delas, da sua autoria, foi sugerida no âmbito do Orçamento do Estado para 2022 e previa a distribuição de um vale de 120 euros a quem completasse 18 anos, mas acabou rejeitada. A segunda, da autoria do PS na Assembleia Municipal de Lisboa, destina-se apenas a alunos do secundário da capital e ainda não foi aprovada. O deputado municipal socialista defende que "não é pelas propostas terem nomes semelhantes que são a mesma coisa".

“Enquanto lia esta notícia, lembrei-me que há pouco mais de um mês, na discussão do OE2022, o PS chumbou no Parlamento uma proposta da JSD/PSD para a criação de um Voucher Cultura para jovens”, lê-se num tweet publicado por Alexandre Poço, deputado do PSD na Assembleia da República.

[twitter url=”https://twitter.com/Alexandre_Poco/status/1546855639074340864″/]

O social-democrata reagia a uma notícia do jornal “Público” que dava conta de uma proposta dos deputados do PS na Assembleia Municipal de Lisboa para a criação de um “cartão-cultura” para os jovens da capital que frequentem o ensino secundário.

Ora, tal como mencionado por Alexandre Poço, em maio o PSD apresentou uma proposta de aditamento ao Orçamento do Estado (OE) para 2022, na qual se sugeria a criação de um “Voucher Cultura”. Os sociais-democratas propunham que o vale de 120 euros fosse “atribuído aos jovens no ano civil em que completem 18 anos”, para ser usado na aquisição de bens e serviços como o teatro, cinema, museus e lojas de livros.

Na nota justificativa da proposta, os deputados do PSD realçaram que “o acesso à cultura é vital para o desenvolvimento intelectual dos jovens, pelo que qualquer incentivo será sempre benéfico para o seu crescimento pessoal e profissional”. A proposta acabou por ser rejeitada em comissão.

Por sua vez, a proposta que Alexandre Poço coloca em destaque através da partilha de uma notícia pertence ao Grupo Municipal do PS na Assembleia Municipal de Lisboa (AML). O grupo sugere à autarquia a “criação de um cartão-cultura para ser atribuído a todos os estudantes do ensino secundário do município, com a atribuição de descontos para todos os jovens, bem como a atribuição de um plafond anual, a ser definido pela Câmara Municiapl de Lisboa (CML), para os jovens que sejam beneficiários de Ação Social Escolar”. Estas vantagens destinam-se ao “gasto em entidades culturais aderentes ao cartão (teatro, cinema, concertos musicais, entre outros)”.

Contactado pelo Polígrafo, Duarte Marçal, o deputado municipal do PS que assina a recomendação em análise, começa por destacar que as “duas propostas não são idênticas” e que “são muitas as diferenças que as separam”. Destaca, por exemplo, o facto de o cartão municipal dar descontos, ao contrário do que foi apresentado pelo PSD. Bem como o facto de o plafond disponível ser dirigido “apenas a jovens que gozem de ação social escolar”, o que significa que “são apenas os jovens do secundário que têm provada insuficiência de recursos que o recebem”, uma vez que são estes os jovens “com maiores dificuldades em aceder à cultura”.

O deputado assinala ainda as diferenças entre uma estrutura nacional e, neste caso, uma estrutura municipal. “O município tem finalidades diferentes do Estado Central, existem competências partilhadas e outras exclusivas um do outro. Entendemos que a promoção da Cultura pode ser realizada a nível nacional e a nível local”.

Marçal explica ainda que “não é pelas propostas terem nomes semelhantes que são a mesma coisa”. E acrescenta: “Não é verdade que é um copypaste de uma proposta que a JSD e o PSD viram rejeitada no Parlamento e que o PS vem agora propor em Lisboa. São duas propostas diferentes, para públicos diferentes, com valores diferentes”. O deputado informa ainda que esta proposta será discutida na próxima semana na reunião da AML.

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