"A hipocrisia do Governo do PS trocada por miúdos", lê-se num tweet de 18 de novembro, que acompanha uma montagem de dois recortes de notícias distintas. Na primeira, de 9 de junho deste ano, o PS juntava-se à "direita para chumbar projeto do PCP para contratação de professores". Já na última quarta-feira, os jornais informavam que o Governo criou uma "task force para ajudar escolas com falta de professores".

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De facto, no início de junho o PS juntava-se aos partidos de direita, PSD, CDS e Iniciativa Liberal, para chumbar um projeto de lei do PCP que propunha a vinculação extraordinária de todos os professores com cinco ou mais anos de serviço até 2022. Nesta altura, a escassez de docentes já era um problema expectável, exponenciado pelo envelhecimento da classe docente.

Do lado dos comunistas ficaram o BE, PAN, PEV, Chega e as duas deputadas não-inscritas Joacine Katar Moreira e Cristina Rodrigues. O projeto do PCP já tinha baixado, sem votação, em abril, aquando da aprovação na generalidade de um diploma do BE que determina a revisão do regime de recrutamento e mobilidade do pessoal docente dos ensinos básico e secundário.

Apesar deste chumbo, numa altura em que já se previa o que agora foi confirmado por um diagnóstico de necessidades docentes de 2021 a 2030, da Universidade Nova de Lisboa, o Governo viu-se obrigado, a 17 de Novembro, a anunciar a criação de uma task force. O objetivo é colmatar a falta de professores nas escolas e o grupo de trabalho vai ser constituído por elementos da Direção-Geral de Estabelecimentos de Ensino e da Direção-Geral da Administração Escolar.

"Vai trabalhar caso a caso com as escolas para identificar as situações em que não estão a conseguir colocação mesmo na contratação de escola e verificar, de acordo com os recursos que existem nas escolas, como é que conseguimos colmatar essas falhas", informou à agência Lusa a secretária de Estado da Educação, Inês Ramires.

A apresentação do estudo da Universidade Nova de Lisboa mostrou que, em consequência do número de professores que se deverão aposentar nos próximos anos, será necessário contratar um total de 34,5 mil profissionais até 2030/2031 para assegurar que não há falta de docentes nas escolas.

Assim, e depois de ter recusado a proposta dos comunistas de contratar professores, o Governo vai tentar resolver o problema por partes, começando pelos horários por preencher.

Inês Ramires recordou, ainda assim, que o Executivo socialista já tomou várias medidas para atenuar o problema, nomeadamente a vinculação de 11 mil docentes nos últimos seis anos. Já Tiago Brandão Rodrigues, ministro da Educação, afirmou que "o Governo tem, neste momento, todas as condições formais para governar, mas existem questões em concreto que estão aqui em cima da mesa porque têm de ser feitas, queremos fazê-las, mas precisamos de condições para isso".

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