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Presidente de El Salvador mandou derreter busto de Che Guevara para fabricar “tampas de esgotos”?

Internacional
O que está em causa?
Circula nas redes sociais um vídeo, com mais de 300 mil visualizações, que mostra dois indivíduos a “derreter [um] monumento” alegadamente construído em homenagem ao guerrilheiro argentino Ernesto "Che" Guevara, uma das figuras proeminentes da revolução cubana. É verdade que foi feito a pedido de Nayib Bukele, Presidente de El Salvador, de forma a utilizar o material para fabricar “tampas de esgotos”?

“Ultra radical de extrema-direita [Nayib] Bukele mandou derreter monumento de Che Guevara em El Salvador, para fabricação de tampas de bueiros [esgotos]”, destaca-se numa publicação de 28 de setembro no X e que conta já com milhares de reações.

A acompanhar a alegação surge um vídeo que exibe dois indivíduos a trabalhar com vista a remover, do local onde se encontrava, o busto do revolucionário comunista, supostamente em cumprimento de ordens do atual Presidente deste país da América Central. 

O que está aqui em causa?

A imagem não é recente e consta até de uma notícia publicada a 5 de outubro de 2023 no jornal digital “La Razón”, após ter sido partilhada nas redes sociais.

No artigo esclarece-se que foi o autarca Jorge Morán – e não o Presidente do país, embora ambos pertençam ao partido Nuevas Ideas – que “ordenou a remoção do monumento em homenagem ao revolucionário argentino-cubano Ernesto ‘Che’ Guevara em Chalchuapa, cidade localizada no departamento de Santa Ana, em El Salvador”.

Segundo o jornal mexicano “Excélsior”, que também partilhou estas imagens, este “monumento em homenagem ao revolucionário argentino-cubano” tinha sido erigido por ordem da Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN) – grupo insurgente que se tornou um partido político legal, de esquerda, no final da guerra civil do país, em 1992 – “durante o seu mandato, alegando que ‘Che’ Guevara tinha passado ali a noite em abril de 1954”.

Em causa uma escultura que se situava nas imediações do sítio arqueológico de El Tazumal, “um destino turístico muito procurado por visitantes nacionais e estrangeiros”. A sua remoção “gerou uma onda de opiniões contraditórias tanto a nível local como nacional”, numa altura de “crescente polarização política em El Salvador”.

No entanto, refira-se que, ao contrário do que se alega na publicação analisada, não existem, em meios de comunicação social fidedignos, informações que comprovem que o material presente no busto seria agora utilizado para o fabrico de tampas de esgoto. Foi apenas, portanto, uma iniciativa de cariz político.

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Avaliação do Polígrafo:

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