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Prémio Nobel da Medicina japonês alega que o novo coronavírus “não é natural” e “foi fabricado na China”?

Coronavírus
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
Em publicação nas redes sociais, adaptada a várias línguas (incluindo a portuguesa), destaca-se que o Prémio Nobel da Medicina de 2018, Tasuku Honjo, terá alegado que o novo coronavírus foi fabricado artificialmente num laboratório na China. "A China está a mentir e a verdade um dia será revelada", garante. Confirma-se? Verificação de factos.

“O professor japonês de fisiologia ou medicina, o Dr. Tasuku Honjo, causou uma sensação nos media hoje, ao dizer que o novo coronavírus não é natural. Se fosse natural, não teria afetado todo a gente desta forma. Porque, dependendo da natureza, a temperatura é diferente em diferentes países. Se fosse natural, teria afetado apenas países com a mesma temperatura que a China”, destaca-se numa publicação que tem sido viralmente partilhada nas redes sociais.

“Fiz 40 anos de pesquisa em animais e vírus. Não é natural. É fabricado e o vírus é completamente artificial“, sublinha-se. A informação tem sido partilhada em várias línguas e em diversas plataformas.

Mas será verdade? Verificação de factos.

Tasaku Honjo recebeu, em 2018, o Prémio Nobel da Medicina juntamente com o norte-americano James P. Allison, por descobertas relacionadas com o papel do sistema imunitário na luta contra o cancro. Honjo é imunologista e dá aulas na Universidade de Osaka e de Quioto. O professor exerce também o cargo de diretor-geral adjunto do Institute for Advanced Study (KUIAS) da mesma universidade e é presidente da Foundation for Biomedical Research and Innovation (FBRI).

Não há registo público de que Tasaku Honjo tenha proferido a declaração em causa. Aliás, o próprio já desmentiu a informação em nota publicada no site da Universidade de Quioto no dia 27 de abril. “Após a dor, a perda económica e o sofrimento global sem precedentes causado pela pandemia da Covid-19, fico muito triste com o facto de meu nome e o da Universidade de Quioto terem sido usados ​​para espalhar falsas acusações e desinformação“, pode ler-se no comunicado.

Não obstante, houve um outro Prémio Nobel da Medicina que defendeu essa teoria. Luc Montagnier gerou polémica, em entrevista a um programa televisivo em França, ao considerar a possibilidade de o novo coronavírus ter saído (acidentalmente ou não) de um laboratório em Wuhan. De acordo com o jornal “Observador“, o especialista tem estado no centro de várias polémicas nos últimos anos, tendo publicado artigos criticados por diversos cientistas.

O Polígrafo já desmentiu várias vezes a alegação, propagada por diversos artigos nas redes sociais, de que o novo coronavírus foi criado em laboratório. No dia 17 de março foi publicado um estudo científico que demonstra a origem natural do SARS-CoV-2. Nesse estudo, os autores sublinham que “as nossas análises demonstram claramente que o SARS-CoV-2 não é uma construção em laboratório nem um vírus propositadamente manipulado“.

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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.

Na escala de avaliação do Facebookeste conteúdo é:

Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

Na escala de avaliação do Polígrafoeste conteúdo é:

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