A primeira participação portuguesa nos Jogos Olímpicos da Era Moderna – Estocolmo 1912 – ficou marcada pelo 71.º dia de competição. No dia 14 de julho, às 13.45, sob uma temperatura, à sombra, superior a 30 ºC, iniciava-se a maratona, tendo como um dos 68 atletas o português Francisco Lázaro.
O atleta de Benfica, com 22 anos, começaria a dar sinais de exaustão pouco depois de completar metade dos 42 quilómetros da prova (caindo mesmo algumas vezes, mas conseguindo levantar-se sempre). Até ao quilómetro 29, quando desmaiou e foi transportado para o hospital, onde morreria já na madrugada do dia 15.
Lázaro, carpinteiro que estava habituado a ir para o trabalho a correr (trajeto Benfica-Bairro Alto), optou, naquele dia de intenso sol e calor, por não usar chapéu e, soube-se depois, untou o corpo com sebo, para transpirar menos e melhorar a sua performance. Quando chegou ao hospital a sua temperatura rondava os 41 ºC, sendo a sua morte atribuída a insolação e desidratação extrema.

E esta foi a única morte em competição nos Jogos Olímpicos?
Não. Apesar de menos mediática, houve outra vida de um atleta que se perdeu em plena prova. Knud Enemark Jensen, ciclista dinamarquês, sucumbiu durante o contrarrelógio por equipas, nos Jogos de 1960 (em Roma). No dia da prova (26 de agosto) a capital italiana registou temperaturas superiores a 40 ºC e Jensen, com 23 anos, terá sofrido uma insolação, que determinou a sua queda a cerca de 20 quilómetros da meta. A causa da morte foi atribuída, num primeiro momento, à fratura craniana e lesões cerebrais provocadas pelo embate no chão, ao cair da bicicleta. Mas os exames posteriormente realizados e até declarações do seu treinador a reconhecer o uso de um fármaco (o vasodilatador Roniacol) revelaram a existência de doping no sangue de Jensen, designadamente anfetaminas. Mais tarde, tanto o treinador mudou a sua própria narrativa sobre o que os seus atletas tinham tomado, como a versão oficial do resultado das análises não confirmou o consumo de substâncias proibidas. No entanto, ainda hoje subsistem dúvidas sobre o sucedido e as suas causas (em especial, a possível existência de doping).
É, assim, falso que a morte do português Francisco Lázaro tenha sido a única ocorrida nos Jogos Olímpicos. Também o ciclista dinamarquês Knud Enemark Jensen perdeu a vida durante uma prova olímpica (1960). Em todos os Jogos (os de inverno incluídos), estas são as duas únicas mortes em plena competição.
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