“Última hora. Portugal subiu nível de ameaça terrorista de moderado para ‘significativo‘”, destaca-se numa publicação de dia 20 de outubro, publicada no Facebook. O post não fornece detalhes adicionais, mas será que transmite informação verdadeira?
Sim. É verdade que Portugal aumentou o grau de ameaça terrorista de “moderado” para “significativo”. A decisão foi anunciada em comunicado assinado pelo Sistema de Segurança Interna (SIS) no dia 20 de outubro de 2023 e está relacionada com a escalada da guerra entre Israel e o Hamas.
De acordo com a nota publicada no site do SIS, “o ataque terrorista perpetrado pelo Hamas a 7 de outubro de 2023 provocou uma escalada do conflito no Médio Oriente e acrescentou mais complexidade à ameaça terrorista de matriz islamista na Europa, tal como ficou patente com a ocorrência de ataques terroristas em solo europeu reconduzíveis a este conflito, mas igualmente enquadráveis no estado de ameaça que impende sobre a Europa”.
Na sequência de uma reunião extraordinária, “o SIS considerou existirem condições que justificam a alteração do grau de ameaça terrorista em Portugal de Moderado para Significativo”. Uma decisão validada pela UCAT “por razões eminentemente preventivas e de cautela”.
O comunicado acrescenta ainda que “este grau de classificação de ameaça significa que as Forças e Serviços de Segurança em Portugal irão continuar a acompanhar, no quadro da UCAT e proactivamente, a evolução da situação de Segurança, adotando de forma flexível e pragmática as medidas de segurança, passivas e ativas, que vierem a considerar necessárias”.
Ao Polígrafo, Felipe Pathé Duarte, investigador académico perito em segurança internacional e terrorismo, indica que a elevação do grau de ameaça terrorista “significa que há uma maior probabilidade de atentado terrorista, tendo em conta o contexto geopolítico, os recentes eventos noutros países europeus e a instigação à violência”.
André Inácio, investigador e perito em segurança interna, afirma que esta decisão significa “um maior empenho de forças policiais mobilizadas, com especial destaque para a vigilância de infraestruturas críticas, gares, aeroportos e portos, bem como áreas de diversão noturna e eventos públicos”. Seria ainda de esperar “um aumento do controle fronteiriço (pelo menos por amostragem)”, mas o investigador afirma que “no atual momento de transição de competências do SEF para outras Forças, deve ser difícil de implementar”.
Inácio explica ainda que a alteração resulta “do clima de instabilidade gerado na UE por força do ataque bárbaro levado a cabo pelo movimento terrorista Hamas e da retaliação desproporcional e desadequada que Israel”, mas não acredita “que existam indícios de ameaça direta contra Portugal”.
O investigador explora ainda o contexto atual que motiva o discurso de ódio através de dois pólos. “Portugal é parte da UE, país de turismo por excelência, bem como de residência de estrangeiros oriundos das mais diversas nacionalidades e estatutos sociais. A comunidade migrante é variada e diversificada, sendo que existe uma percentagem significativa de indivíduos no limiar da pobreza. Veja-se o aumento avassalador dos sem-abrigo”, começa por elaborar.
“A isto acresce uma juventude com uma percentagem expressiva de problemas do foro psicológico, um ativismo militante mas iletrado, apoiado numa esquerda fundamentalista com um discurso oco mas ecoante e, por fim, o incremento de mesquitas ilegais onde fundamentalistas pregam contra o modelo ocidental de vida em sociedade. Por outro lado, temos uma extrema direita também ela radical, que aproveita o sentimento de insegurança gerado na população pelas manifestações, atentados ao património público e outras formas de protesto mediaticas (apesar da eficácia quase nula) para fomentar a islamofobia“, afirma.
Perante isto, “importa controlar os ânimos, prevenindo incidentes e transmitir à sociedade um sentimento de segurança”.
E quanto aos riscos que poderemos correr com o escalar da guerra? “Quero acreditar que esses riscos não existem ao momento”, aponta o investigador. Isto porque “a China e os Estados Unidos estão já bastante penalizados economicamente com a invasão da Ucrânia. O Irão ainda não tem poder militar para entrar num conflito e os outros Estados não contam sem o apoio do Irão”. Já o Hezbollah (grupo islâmico libanês que prega a destruição do Estado judeu) “não tem capacidade militar para desencadear uma guerra, até porque os EUA seriam forçados a agir”.
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Avaliação do Polígrafo: