A estreia de João Oliveira nos debates, em substituição de Jerónimo de Sousa, perante Rui Rio, serviu para lembrar que entre o comunismo do PCP e a social-democracia do PSD há como que um “mar” que alguém abriu: ora os apoios às empresas, ora os aumentos dos salários, ora o papel do Estado e do setor privado. Sem pontos de convergência que não as críticas ao primeiro-ministro António Costa, a estratégia anti-PS parece ter saído vencedora deste desencontro.
Para Rio, líder do PSD, são as empresas que têm que beneficiar de medidas específicas para incentivar a criação de empregos. Para Oliveira, deputado do PCP, a estratégia não passa por aí:
“Criar empregos, e sobretudo criar melhores empregos, não se faz com medidas dirigidas às empresas, faz-se com medidas dirigidas a dinamizar a produção nacional. Nós precisamos de pôr o país a produzir. Em primeiro lugar para não dependermos do estrangeiro e em segundo lugar para satisfazermos as nossas necessidades, para criar emprego e para criar riqueza. Não há medidas dirigidas às empresas que resolvam este problema.”
Oliveira tirou ainda uma “lição da pandemia” para o país, já que quando esta começou “nós não tínhamos uma [1] fábrica que produzisse ventiladores em Portugal quando eles eram necessários. Tínhamos uma [1] fábrica que produzia máscaras. Este é um reflexo dramático das políticas do Euro, que levaram ao desmantelamento do nosso aparelho produtivo“, sublinhou.
De facto, os hospitais em Portugal tiveram que operar com ventiladores doados e/ou comprados nos primeiros meses de pandemia, em 2020. Portugal tinha disponíveis 1.142 ventiladores antes do início da pandemia. Com o crescer do número de casos de infeção por Covid-19, o Governo reforçou esse número em quase mais 50%, tendo comprado 535 ventiladores à China.
Só em março de 2020 é que o país começou a equacionar a produção nacional de equipamentos de proteção e ventiladores, que começaria nas semanas seguintes. No que respeita aos ventiladores, a produção ficou a cargo do Centro para a Excelência e Inovação na Indústria Automóvel, que estava então “convertido e focado no projeto de protótipo para a produção em Portugal de ventiladores“.
“O modelo de ventilador capaz de ser produzido industrialmente e de responder às necessidades com qualidade e segurança foi desenvolvido em 15 dias através da colaboração entre médicos, a Faculdade de Medicina da Universidade do Minho, o CEIIA e a indústria. O cronograma prevê produzir os primeiros 100, até final de abril, 400, até final de maio, e a partir daí descentralizar para a indústria, para que nos próximos seis meses haja 10 mil ventiladores produzidos”, anunciou o Governo em comunicado, a 27 de março de 2020.
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