"Entre 1992 e 2020 a área ardida média anual foi de 94.821 hectares, 23,2% da área ardida na União Europeia (em 2018 atingiu 27,7% da área ardida total). Para sublinhar esse dado, os 0,12% do PIB [Produto Interno Bruto] que o Estado português gasta com os serviços de proteção contra incêndios, um dos valores mais baixos da União Europeia, onde a média é de 0,21% do PIB", destaca-se num post de 13 de setembro no Facebook que suscitou dúvidas a vários leitores do Polígrafo.

"Os valores são relativos ao PIB, o que demonstra ainda mais o desinteresse por parte do Estado pelo flagelo que afeta todos os anos o país", conclui-se na mesma publicação. Exibe-se também um gráfico com dados sobre a despesa em serviços de proteção contra incêndios nos Estados-membros da União Europeia (percentagem da despesa total, com dados referentes a 2021).

No que respeita às alegações sobre a área ardida entre 1992 e 2020, o Polígrafo já verificou esses dados num artigo recente (pode consultar aqui). Pelo que optamos por colocar o enfoque na principal alegação do post: Portugal gasta apenas "0,12% do PIB com os serviços de proteção contra incêndios."

Começando pelo gráfico em causa que foi replicado a partir de um recente destaque do Eurostat, serviço de estatística da União Europeia. Nessa publicação, datada de 13 de setembro de 2023, o Eurostat informa que "em 2021, a despesa geral dos Governos nos Estados-membros da União Europeia em serviços de proteção contra incêndios ascendeu a 34,1 mil milhões de euros, representando um aumento de 2,5% em comparação com 2020".

Este valor em percentagem da despesa total dos Governos correspondeu a 0,5%, de acordo com os cálculos do Eurostat. "Globalmente, na União Europeia, a despesa pública com serviços de proteção contra incêndios em percentagem da despesa pública total manteve-se estável em cerca de 0,4 a 0,5% desde o início desta série estatística em 2001", sublinha.

A Lituânia e a Roménia foram os países da União Europeia que, em 2021, registaram as maiores percentagens de despesa com serviços de proteção contra incêndios no âmbito da despesa pública total: ambos com 0,7%. Seguiram-se a Bulgária, República Chega, Alemanha, Estónia, Grécia e Luxemburgo, todos com 0,6%.

No extremo oposto, a Dinamarca sobressaiu como país com a menor percentagem neste indicador, apenas 0,1%. Ligeiramente acima na tabela surgem o Chipre, Hungria, Malta, Áustria, Portugal e Eslovénia, todos com 0,3%.

Contudo, no post sob verificação aponta-se para "os 0,12% do PIB que o Estado português gasta com os serviços de proteção contra incêndios".

Ora, analisando os dados do Eurostat verifica-se que, na realidade, o Estado português gastou 0,2% do PIB com esses serviços em 2021. E há cinco países que gastaram ainda menos - 0,1% do PIB -, a saber: Dinamarca, Irlanda, Chipre, Malta e Eslovénia.

Resta assim marcar a principal alegação do post com o carimbo de "Falso".

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Avaliação do Polígrafo:

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