"Há dois anos comprei casa, em dois anos estou a pagar o dobro ao banco, sozinha e com dois trabalhos". A situação pode parecer-lhe familiar, já que vários portugueses têm manifestado dificuldades em conseguir acompanhar o crédito à habitação. As subidas nas taxas de juro não favorecem os milhares de famílias que assinaram créditos com taxa variável, ou seja, dependente das Euribor. No "X", há quem note, em comentário a esta história, que "93% dos empréstimos até ao ano passado para habitação foram feitos com taxa variável".

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Esta informação é pública, embora não vá totalmente de encontro aos dados do Banco Central Europeu (BCE). A dúvida surge no que é dito a seguir, pelo conhecido YouTuber "Windoh": "Casos como este só vão aumentar nos próximos meses. Isto não acontece em mais nenhum país e eu não consigo entender se as pessoas são mal informadas a este ponto ou se simplesmente gostam de dormir mal à noite."

Será que os 93% de empréstimos firmados com taxa variável garantem a Portugal o primeiro lugar neste ranking?

Importa, desde logo, notar que esta percentagem superior a 90% diz respeito ao total do ‘stock’ do crédito à habitação, contas feitas pelo Banco de Portugal (BdP). Já o BCE, que faz a comparação entre países, baixa este valor para uma média de 68% até julho deste ano.

Ainda que abaixo dos 90%, a verdade é que Portugal ocupa, no ranking do BCE, uma posição bastante cimeira, ultrapassado apenas, no mesmo período, por países como a Estónia (92,6%), Finlândia (98,18%), Letónia (91,15%) e Lituânia (89,34%). 

Ou seja, a alta percentagem de créditos à habitação com taxa variável é mais comum do que se garante no "tweet": para mais, estes dados remetem apenas para países Europeus, o que diminui substancialmente o universo de comparação. Conhecidas as percentagens, sabe o que fazer perante um aumento na sua prestação ao banco?

O Polígrafo desenvolveu em explicador sobre as dificuldades com a subida dos juros no crédito à habitação: nele, Natália Nunes, especialista da DECO, insiste na medida "prevenir", nomeadamente um "possível cenário de maior aperto financeiro antes que o mesmo suceda".

Mas como é que isso se faz? "Desde logo saberem quais é que são as características dos seus empréstimos, saber qual é a Euribor que têm, qual é o vencimento da mesma e irem fazendo simulações", começa por apontar Nunes em relação aos créditos à habitação a taxa variável, que é a taxa praticada "em mais de 90% dos empréstimos das famílias".

"O acompanhar é fundamental porque se eu souber que a média da Euribor agora no mês de agosto foi de tanto, posso fazer uma simulação e ir ver se o meu empréstimo fosse revisto hoje, qual é que seria o valor da prestação. Isto dá-nos logo uma ideia de se se vai ou não ter capacidade para se cumprir", explica.

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Avaliação do Polígrafo:

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