- O que está em causa?Publicação no Facebook destaca uma tabela em que Portugal surge na primeira posição ao nível da União Europeia, no que concerne ao risco ou experiência de "burnout" (esgotamento físico e mental), classificada como uma doença pela Organização Mundial da Saúde desde o início de 2022. A informação é fidedigna?

"Já ontem coloquei aqui, mas hoje vai com a definição de burnout. De forma alguma considero que Portugal seja o 'paraíso'", lê-se em publicação no Facebook que destaca o lugar cimeiro ocupado por Portugal na lista de países da União Europeia com maior risco de burnout. Mas de onde é que surgem estes dados?

Importa começar por explicar o que é o burnout, agora reconhecido como uma doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Se sente "exaustão, cinismo ou sentimentos negativistas ligados ao trabalho e eficácia profissional reduzida", então pode mesmo sofrer de uma das doenças do século XXI associadas ao trabalho.
A noção de "doença" chegou em 2019 e só entrou em prática no início deste ano, depois de terem sido avaliadas as conclusões de peritos de saúde ao nível mundial sobre este estado de esgotamento físico e mental que muitas vezes se sente no decorrer da prática de uma atividade profissional.
De acordo com a classificação internacional de doenças da OMS, o burnout é usualmente associado a um estado de emprego ou desemprego e dá-se por "uma síndrome resultante de stress crónico no trabalho que não foi gerido com êxito". Em Portugal, onde os salários são baixos e o número de horas de trabalho é relativamente elevado, o que indicam as estatísticas associadas a esta doença?
De acordo com o portal "Small Business Prices", que efetuou os cálculos tendo por base o índice de felicidade mundial de cada país, o salário médio anual e as horas de trabalho semanais, Portugal é mesmo o país (dos 26 analisados no estudo) onde mais trabalhadores sofrem ou correm o risco de vir a sofrer de burnout.

Grécia, Letónia e Hungria destacam-se logo nas posições seguintes, com salários médios e horas de trabalho semanais muito próximos dos que se verificam em Portugal. Por sua vez, o Reino Unido, onde "apenas 1% dos trabalhadores dizem nunca ter experienciado stress relacionado com o trabalho", ocupa o 14.º lugar da lista.
Dos principais países com maior risco de burnout, Portugal tem uma das semanas de trabalho mais longas (39,5 horas) e um dos salários anuais mais baixos (22.373 euros). Por outro lado, na Dinamarca e nos Países Baixos é onde se registam menos trabalhadores que correm risco de esgotamento. As semanas de trabalho são significativamente mais curtas (32,4 horas e 29,3 horas, respetivamente) e os salário anuais chegam quase aos 50 mil euros (48 mil euros e 47.500 euros, respetivamente).
Os Países Baixos são ainda distinguidos por ser onde há um maior equilíbrio entre a vida profissional e a vida pessoal, com uma média de 29,3 horas trabalhadas por semana. O Reino Unido, por outro lado, está entre os cinco piores países no que respeita ao equilíbrio entre vida profissional e pessoal, muito por causa do elevado número de horas de trabalho semanais (36,6 horas).
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