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Portugal é o país da União Europeia com “mais emigrantes espalhados pelo mundo”?

Sociedade
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
Numa página do Facebook dedicada à "sociedade civil portuguesa" realça-se que "Portugal é o país da União Europeia com mais emigrantes espalhados pelo mundo, comparativamente com a população residente", ocupando ainda "a 27.ª posição na lista de países com mais emigrantes" ao nível mundial. Esta informação está correta?

Trata-se de um aparente retrato da “comunidade portuguesa no mundo” e indica que “Portugal é o país da União Europeia com mais emigrantes espalhados pelo mundo, comparativamente com a população residente. Já ao nível mundial, Portugal ocupa a 27.ª posição na lista de países com mais emigrantes”.

Os dados mais recentes, acrescenta-se no post, dizem que “a comunidade portuguesa espalhada pelo mundo conta já com 5.315.824 pessoas” e que “os principais países de acolhimento são o Luxemburgo, Reino Unido, Espanha, Suíça, França, Alemanha, Holanda [Países Baixos], Moçambique, Angola, Brasil, Venezuela, África do Sul, Canadá e Estados Unidos da América (EUA)”.

Uma pesquisa sobre estes dados revela que se tratam de conclusões de um relatório de 2020 do Observatório da Emigração, com dados relativos a 2019 e com comparação internacional em termos de emigrantes relativa a 2017. 

“Não sendo um dos grandes países de emigração, como o México ou a Índia, com mais de 12 milhões de emigrantes cada, Portugal era, em 2017, o 27.º país do mundo com mais emigrantes. Na Europa, apenas sete países tinham populações emigradas mais numerosas: Federação Russa, Ucrânia, Reino Unido, Polónia, Alemanha, Roménia e Itália, por ordem decrescente”, lê-se no documento, o mais recente disponibilizado pelo Observatório dos Emigrantes.

Ainda assim, e se considerarmos apenas o número de emigrantes pela população do país de origem, “Portugal subia várias posições na hierarquia. Com uma taxa de emigração de 22%, Portugal era, neste indicador, o 13.º país do mundo com mais emigrantes“.

Por outro lado, e olhando para o quadro europeu, “conclui-se que Portugal era, em 2017, o primeiro país da União Europeia com mais emigrantes em percentagem da população (21,9%)”. Em contraste, e no que respeita à percentagem de imigrantes na população residente, Portugal era em 2017 “um dos países que se situava abaixo da média da União Europeia (8,5%)”.

“A conjugação de alta emigração e baixa imigração, em termos acumulados, situava Portugal no conjunto dos países europeus de repulsão, onde se encontravam também a Lituânia, Roménia, Bulgária e Polónia (que substituiu a Eslováquia que, de 2010 em diante, melhorou a sua posição relativa)”, explica-se no documento.

Quanto aos números associados à comunidade portuguesa no mundo, foi a 10 de junho de 2020, Dia de Portugal, que o Gabinete da Secretária de Estado das Comunidades Portuguesas divulgou um comunicado que informava que eram já 5.315.824 os portugueses espalhados pelo mundo, sendo que os os principais países de fixação eram os “EUA, Brasil, França, Canadá, Suíça, Venezuela, Reino Unido, África do Sul, China (inclui Macau e Hong Kong) e Alemanha”.

“Dos principais países de fixação destacam-se os EUA, o Brasil e França, importantes destinos da emigração portuguesa do século XX, e onde as numerosas comunidades se encontram já na terceira geração que, apesar da distância física e psicológica, reconhece ainda assim Portugal como uma parte importante da sua identidade“, acrescentava o documento.

Dados mais recentes, divulgados pela mesma entidade a 10 de junho de 2021, revelam que a dimensão e dispersão destes portugueses continua ao mesmo nível: “Cerca de cinco milhões de portugueses e lusodescendentes”, sendo que eram 2.171.559 as pessoas “com morada do Cartão de Cidadão no estrangeiro” a essa data.

Os principais países de fixação continuam a ser a França, a Suíça, o Brasil, o Reino Unido, a Alemanha, a China (inclui Macau e Hong Kong), o Luxemburgo, os EUA, a Venezuela, o Canadá e a África do Sul.

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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.

Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:

Verdadeiro: as principais alegações do conteúdo são factualmente precisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Verdadeiro” ou “Maioritariamente Verdadeiro” nos sites de verificadores de factos.

Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:

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