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Portugal é o 8.º país da UE com mais trabalhadores em risco de pobreza, destaca-se no Facebook

Sociedade
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O que está em causa?
Em publicação no Facebook partilha-se uma imagem onde se destaca: "Portugal é o 8.º país da UE [União Europeia] em que uma maior percentagem dos trabalhadores tem rendimentos abaixo do limiar de risco de pobreza." Dados são da Pordata e mostram que quase um em cada 10 dos trabalhadores portugueses recebe menos do que 6.653 euros brutos por ano, mas são atuais?

“Portugal é o 8º país da UE [União Europeia] em que uma maior percentagem dos trabalhadores tem rendimentos abaixo do limiar de risco de pobreza. Isto significa que quase um em cada 10 dos trabalhadores portugueses recebe menos do que 6.653 euros brutos por ano. Em pior situação do que Portugal estão, por exemplo, a Alemanha (10,6%) e Espanha (11,8%)”, lê-se numa imagem difundida esta segunda-feira, 19 de setembro, no Facebook.

A fonte está identificada e o recorte de imagem parece mesmo ter sido feito a partir da página oficial do Facebook da base de dados Pordata: “Vamos tentar pôr de lado o copo meio vazio – que são estas estatísticas miseráveis para o nosso país e o facto de o número de pessoas pobres ter aumentado desde 2020 – para nos concentrarmos no país que tem os melhores resultados no campo da pobreza: a República Checa.”

“Curiosamente – ou não – a República Checa caracteriza-se por ser uma economia bastante liberal (21.° país mais economicamente liberal e considerado bastante livre pela Heritage Foundation) e ter um Estado social relativamente pequeno. Por conseguinte, antes de pensar a pedir mais leis para ‘proteger os pobres’, pedir mais aumentos de prestação social, quando não pedem a criação de uma nova prestação social com a desculpa que combate a pobreza, convinha primeiro ver como fazem na República Checa”, conclui o autor da publicação.

Os dados em destaque na publicação estão corretos e podem ser comprovados aqui. No entanto, só são válidos para o ano de 2020. Nessa altura, Portugal tinha a oitava mais alta percentagem de pessoas que, mesmo trabalhando, têm rendimentos inferiores ao limiar do risco de pobreza, já tendo em conta as transferências sociais recebidas (9,5%).

No topo da lista ficavam a Roménia (14,9%), o Luxemburgo (11,9%), a Espanha (11,8%), a Itália (10,8%) e a Grécia (10,1%). Do lado oposto, com a menor percentagem de população empregada com rendimentos inferiores ao limiar de pobreza, a Finlândia (3,1%), a República Checa (3,7%), a Bélgica (4,2%), a Eslovénia (5%) e a Croácia (5,1%).

No entanto, dados atualizados para 2021 mostram novas realidades: a taxa de risco de pobreza entre a população empregada aumentou para praticamente todos os países e Portugal, que não foi exceção, tinha no ano passado 11,2% dessa fatia da população com rendimentos abaixo do limiar de pobreza para esse ano. Portugal ocupou, em 2021, o 5.º lugar do ranking, ficando apenas atrás da Roménia (15,6%), do Luxemburgo (13,5%), da Espanha (12,7%), da Itália (11,6%) e da Grécia (11,3%).

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Avaliação do Polígrafo:

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