Nas redes sociais portuguesas, sobretudo em páginas de natureza populista – algumas com centenas de milhares de seguidores – os insultos a políticos e ao “sistema” são recorrentes. À cabeça de todos está o de que a corrupção se instalou há muito entre as mais altas esferas da nação e que há que tomar medidas para acabar com ela. A proliferação recente de processos judiciais que envolvem figuras que tiveram uma carreira pública – de que José Sócrates, ex-primeiro-ministro, e Armando Vara, ex-ministro socialista, são os expoentes máximos – só veio dar mais argumentos aos que diariamente fazem das suas “vidas virtuais” uma missão para denunciar aquilo a que chamam de “cancro da sociedade portuguesa”.

Mas será mesmo um cancro? E sendo, em que fase estará? As respostas podem ser todas encontradas no Índice de Percepções de Corrupção (IPC), cujo relatório anual (sobre 2018) foi divulgado hoje pela Transparency International, sendo considerado o principal indicador global sobre os níveis de corrupção no setor público de cada país.

Da sua leitura pode concluir-se que Portugal está dois pontos abaixo da média europeia. Numa escala que vai de 0 pontos a 100 pontos (sendo que zero corresponde a um elevado nível de corrupção 100 a um nível quase inexistente), os países da Europa Ocidental e da União Europeia registam uma média de 66 pontos, contra 64 de Portugal.

Com este “score”, Portugal ocupa atualmente a 30.ª posição entre 180 países e territórios avaliados. Em 2017, Portugal estava na 29.ª posição com uma pontuação de 63 pontos.

A avaliação anual promovida pela organização Transparência Internacional (TI), com sede em Berlim, revela ainda, entre os países lusófonos, quedas significativas de Timor-Leste (14 posições) e de Moçambique (5 posições) e subidas de Cabo Verde (3 posições) e Angola (2 lugares).

A pontuação do Brasil situou-se abaixo dos 44 pontos de média do continente americano, ocupando a posição 20 entre os 32 países. Sobre o Brasil a TI lança um aviso: “Com promessas de acabar com o corrupção, o novo Presidente deixou claro que governará com ‘mão de ferro’, ameaçando muitas das conquistas democráticas alcançadas pelo país.”

A tabela continua a ser liderada pela Dinamarca (88 pontos) e Nova Zelândia (87 pontos) com os últimos lugares a serem ocupados pela Sudão do Sul e Síria (13 pontos) e Somália (10 pontos).

Por regiões, a Europa Ocidental e a União Europeia alcançam a média mais alta com 66 pontos, e a África Subsaariana, com 32 pontos de média, é a região mais mal classificada, seguida da Europa de Leste e Ásia Central, com 35 pontos de média.

Perante os números apurados, a TI não tem dúvidas de que há uma relação direta entre a corrupção e a saúde democrática global, sublinhando que as democracias consideradas “plenas” obtêm uma pontuação média de 75 pontos, enquanto as classificadas como “frágeis” têm em média 49 pontos, os chamados regimes “híbridos” 35 pontos e os regimes autocráticos 30 pontos.

Avaliação do Polígrafo:

Assine a Pinóquio

Fique a par dos nossos fact checks mais lidos com a newsletter semanal do Polígrafo.
Subscrever

Receba os nossos alertas

Subscreva as notificações do Polígrafo e receba os nossos fact checks no momento!

Em nome da verdade

Siga o Polígrafo nas redes sociais. Pesquise #jornalpoligrafo para encontrar as nossas publicações.