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Portugal destaca-se como “um dos países” que tem “maior concentração LGBTI+ do mundo”?

Sociedade
O que está em causa?
Por entre vários equívocos - confusão entre sexo e género, ideia falsa de "género biológico originariamente masculino", além da associação equivocada com "LGBTI+" -, em mais uma publicação nas redes sociais que propaga desinformação sobre a pugilista argelina Imane Khelif destaca-se que Portugal será "um dos países com maior concentração LGBTI+ do mundo". Tem fundamento?
© Shutterstock

“Violência LGBTI+ nas Olimpíadas de Paris. O boxer de género biológico maioritariamente masculino ganhou medalha de ouro na competição feminina. Sendo Portugal um dos países com maior concentração LGBTI+ do mundo, seria uma boa estratégia para conquistarmos muito mais medalhas, invadirmos as competições olímpicas femininas com atletas LGBTI+”, sugere-se num post de 10 de agosto no Facebook.

Exibe uma imagem da pugilista argelina Imane Khelif que, de acordo com o título em destaque, “conquista ouro nos Jogos Olímpicos de Paris”. E tratando-se do caso de Khelif, importa desde já sinalizar vários pressupostos errados no texto em causa: da confusão entre sexo e género à ideia falsa de “género biológico originariamente masculino”, além da associação equivocada com “LGBTI+”.

Quanto à desinformação gerada em torno da pugilista, o Polígrafo já esclareceu os principais factos comprovados. Pelo que nos centramos agora na alegação de que Portugal será “um dos países com maior concentração LGBTI+ do mundo”. Tem fundamento?

A contabilização de pessoas que se identificam como lésbicas, gays, bissexuais, transgénero, entre outras orientações sexuais ou identidades de género (em sentido mais lato, todas as pessoas não-heterossexuais ou não-cisgénero) enfrenta desde logo uma dificuldade: a tendencial relutância em assumir essa condição, sobretudo nos países onde é mais discriminada, reprimida ou mesmo proibida por lei.

Acresce a quase inexistência de dados estatísticos oficiais, ou com suficiente amplitude. Em recentes inquéritos desenvolvidos pela Ipsos, com um número limitado de participantes e países, aponta-se para um percentagem de 6% da população portuguesa que se identifica como lésbica/gay/homossexual, bissexual ou pansexual/omnisexual.

É a sexta menor percentagem entre os 30 países analisados no inquérito. A grande distância do Brasil (14%) e da Espanha (12%), por exemplo, que lideram essa tabela.

Há outros dados que apontam no mesmo sentido.

Pelo que classificamos a alegação como falsa, embora ressalvando a escassez de informação disponível (e fidedigna) sobre esta matéria.

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Avaliação do Polígrafo:

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