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Ponte da Panela em Santarém “enfrenta um risco iminente de colapso”?

Sociedade
O que está em causa?
O alerta não é novo – tendo até sido feito, no passado, pelo presidente da União de Freguesias onde se localiza a infraestrutura, no município de Santarém. Porém, a Infraestruturas de Portugal (IP) assegura ao Polígrafo que “o estado da ponte não coloca em risco a circulação ferroviária”, não se verificando um risco iminente de colapso.

Tragédia Anunciada: Ponte da Panela em Santarém pode colapsar a qualquer momento”, afirma-se numa publicação partilhada, recentemente, num grupo no Facebook, que apresenta fotografias da referida infraestrutura. Esta estaria a ser sustentada por “extensores temporários” que “mantêm a ponte em uso” – denotando a alegada instabilidade da construção.

Segundo a mesma fonte, a “ponte da Panela, em São Vicente do Paul, é uma infraestrutura vital para o tráfego rodoviário e ferroviário entre Lisboa e Porto”, estando atualmente a enfrentar “um risco iminente de colapso”. Destaca-se também a existência de “relatórios” que “apontam rachaduras alarmantes e uma deterioração estrutural que ainda não foi solucionada de forma definitiva”. 

“Camiões carregados com até 40 toneladas brutas transitam diariamente pela ponte, transportando inertes, tomate e madeira, o que aumenta a pressão sobre uma estrutura já comprometida”, acrescenta-se ainda, sendo que por baixo da mesma “também passam os comboios regionais, Intercidades e Alfa Pendular, onde milhares de pessoas circulam diariamente”.

Uma situação que estará a preocupar a população local, havendo quem diga que, “se a ponte cair na altura de um comboio, ‘vai ser pior que a tragédia de Entre-os-Rios’”. Mas será que existem, de facto, razões para dizer que esta infraestrutura “pode colapsar a qualquer momento”?

A situação da Ponte da Panela não é recente e tem já vindo a ser noticiada por vários meios de comunicação social. Em novembro de 2021, a SIC Notícias abordava o “estado de degradação” desta construção, o que estaria a preocupar a população local.

Mais recentemente, em fevereiro de 2022, a Renascença descrevia a situação da infraestrutura: “Muros laterais inclinados para fora, com barras de metal a fazerem contenção para não desabarem. Assim se pode descrever o estado em que se encontra a Ponte da Panela.” Na altura, Ricardo Costa, o presidente da União de freguesias de S. Vicente do Paul e Vale de Figueira, onde se localiza esta ponte, falava de um “risco iminente” de queda – tal como se alega na publicação analisada.

Citada por esta rádio, o vereador do pelouro das obras, João Leite, confirmou que, após muita insistência por parte da Junta, “a Câmara Municipal, de forma coordenada com as Infraestruturas de Portugal”, decidiu avançar com a requalificação da ponte. Por essa altura, estavam “a ser elaborados os projetos de especialidades” para que depois se avançasse “para os procedimentos de lançamento da empreitada”. Tudo na expetativa de que “num ano, ano e meio no máximo, todos estes passos, nomeadamente a concretização da empreitada” estivesse “desenvolvida”.

Agora, o presidente da União das Freguesias de São Vicente do Paúl e Vale de Figueira explicou ao Polígrafo: “Apesar de não ser um assunto da nossa competência, temos por diversas vezes manifestado a nossa preocupação junto dos responsáveis.” Disse, ainda, que a “União de Freguesias não tem qualquer intervenção neste processo”, pelo que toda a “responsabilidade” pela situação é da “IP (Infraestruturas de Portugal) e da Câmara Municipal de Santarém”.

Fonte oficial da Câmara Municipal de Santarém (CSM) explicou, por sua vez, que “contratou um projeto externamente para a situação identificada, estando o projeto concluído”. De momento, o município “aguarda o parecer final das Infraestruturas de Portugal (IP) ao projeto de execução com vista a lançar o projeto de empreitada”. Deixou, também, a garantia de que a “situação está a ser monitorizada pela CMS e IP” e de que “não se tem verificado agravamento da situação”.

Já a IP explicou ao Polígrafo que as imagens que viralizaram nas redes sociais mostram o estado atual da infraestrutura, mas que “a manutenção da Ponte da Panela é da responsabilidade da CM de Santarém”, com quem tem “mantido contactos regulares para o acompanhamento desta situação”. 

Sobre a “intervenção a realizar pela CM de Santarém, a IP confirma que tem acompanhado o processo, tendo-se já pronunciado relativamente à versão preliminar do projeto”. Além disso, segundo a mesma fonte, a empresa pública “recebeu no passado mês de agosto a versão final do projecto de execução, que se encontra em avaliação pelos técnicos da empresa, prevendo-se a emissão do parecer até ao final do mês de setembro”.

E negou, além do mais, a tese de que esta infraestrutura estaria em “risco iminente de colapso”, como se afirma no post. “As equipas de manutenção da IP, em articulação com CM de Santarém, têm realizado visitas ao local, para assegurar as boas condições de circulação na Linha do Norte. Nesta fase, o estado da ponte não coloca em risco a circulação ferroviária”, esclareceu esta entidade.

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Avaliação do Polígrafo:

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