O combate à poluição atmosférica tem vindo a aumentar nas últimas décadas e são cada vez mais mais desafiadoras as metas de emissão de gases de estufa. Uma das principais preocupações é o efeito pernicioso da poluição na saúde humana, o que já motivou diversas investigações científicas. A Aliança Europeia de Saúde Pública (EPHA) realizou um estudo que concluiu que a União Europeia gasta cerca de 62 mil milhões de euros por ano a tratar problemas de saúde relacionados com a poluição causada pelo tráfego automóvel.
Segundo os dados, publicados em novembro de 2018, durante o ano de 2016 foram gastos pelos 28 estados-membros entre 66.709 e 79.820 milhões de euros, sendo que a grande maioria do valor – entre 62.081 e 72.348 milhões de euros – respeita a custos relacionados com a saúde.
A divergência entre os dois valores apresentados no relatório resulta da utilização de dois métodos de cálculo: utilizando o método TRUE, o valor apresentado (66.709 milhões de euros) é 20% mais elevado do que utilizando o método COPERT (79.820 milhões de euros).
Os leitores podem considerar esta diferença de cálculos suspeita, mas trata-se de uma situação normal em investigações em grande escala. Roeland Samson, professor de engenharia biológica na Universidade de Antuérpia, explicou à plataforma “EU Factcheck” que “apesar de uma margem de 20% entre os dois métodos de cálculo parecer significativa, numa investigação em tão grande escala é bastante normal obter diferenças assim”. “O uso de diferentes métodos de cálculo significa que foram usados diferentes fatores, diferentes dados para calcular os custos dos efeitos dessas emissões”, acrescentou o professor.
Também a OCDE publicou, em junho de 2016, um relatório sobre o impacto da poluição na saúde. Durante o ano de 2015 foram gastos 730 mil milhões de dólares (cerca de 650 mil milhões de euros) devido às mortes prematuras causadas pela poluição do ar. A nível mundial foram gastos 3.160 mil milhões de dólares (2.830 mil milhões de euros).
Os principais gases nocivos para a saúde são o Dióxido de Nitrogénio (NO2), o Ozono (O3), o Dióxido de Enxofre, o Dióxido de Carbono (CO2) e os materiais particulados (PM). Segundo o relatório “Avaliação dos riscos da poluição do ar na saúde”, publicado pela Agência Europeia do Ambiente, durante o ano 2018 foram registadas nos 28 estados-membros da União Europeia cerca de 483.400 mortes prematuras relacionadas com a existência de NO2, O3 e PM no ar. Portugal registou 6.690 mortes prematuras.
Segundo dados do Pordata, durante o ano de 2016 foram registadas 51.532 toneladas de dióxido de carbono de origem fóssil na atmosfera em Portugal e 178.032 toneladas de Óxidos de Azoto, entre outros gases considerados poluentes. A Agência Portuguesa do Ambiente disponibilizou uma plataforma – “QualAr”- que permite acompanhar diariamente os dados referentes à qualidade do ar nas várias regiões de Portugal continental e dos arquipélagos da Madeira e Açores.
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