O aumento do custo de vida tem sido uma das principais preocupações de muitos portugueses, numa altura em que muitas famílias se vêem “a braços” com a subida das taxas de juro (e consequente impacto nas prestações dos créditos à habitação) e com os valores elevados da inflação.
É neste contexto que, numa publicação de 29 de outubro no Facebook, se destaca que o número de pessoas em situação de sem-abrigo em Portugal terá aumentado “78% em quatro anos“.
Esta alegação tem fundamento?
Sim. Os dados são da Estratégia Nacional para a Integração das Pessoas em Situação de Sem-Abrigo 2017-2023 (ENIPSSA 2017-2023) e foram primeiramente avançados pelo jornal “Expresso” – que noticiou que os números oficiais mais recentes, referentes a 2022, davam conta de um total de 10.773 pessoas sem-abrigo no país.
Até agora, sabia-se apenas que tinham sido sinalizadas por essa entidade, a 31 de dezembro de 2021, “9.604 pessoas em situação de sem-abrigo”. Destas, existiam “4.873 em situação de sem teto e 4.731 em situação de sem casa” em Portugal, segundo o último Inquérito de Caracterização das Pessoas em Situação de Sem-Abrigo que a ENIPSSA divulgou publicamente.
Trata-se de um aumento considerável face a 2018, quando no país se contabilizavam 6.044 pessoas em situação de sem-abrigo. Porém, importa notar que a subida foi gradual: 7.107 em 2019, para 8.209 em 2020, e, tal como já mencionado, 9.604 em 2021, e 10.773 em 2022.
Em percentagem, o crescimento foi, em quatro anos, de 78%, o que valida a alegação no post em causa.
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Nota Editorial: Na transmissão desta peça no “Polígrafo SIC” de 6 de novembro, os dados sobre o aumento de pessoas em situação de sem-abrigo foram apresentados de forma incorreta. O ano de início deveria ser 2018, como nota este texto, e não 2019, como sugeriu o grafismo. Por esse motivo pedimos as nossas desculpas.
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Avaliação do Polígrafo: