Em análise ao discurso que o atual Primeiro-Ministro, Luís Montenegro, proferiu na Festa do Pontal a 14 de agosto (assinalando a a rentrée política do PSD), Pedro Santana Lopes considerou que foi “muito virado para as questões de governação” e, além do mais, concebido de modo a “pressionar o PS por causa do Orçamento do Estado”.
No seu programa de comentário político no canal Now, ontem à noite (19 de agosto), o autarca da Figueira da Foz (antigo Primeiro-Ministro e ex-líder do PSD) realçou o “anúncio do suplemento aos pensionistas“, destinado aos beneficiários de pensões de reforma mais baixas. Embora notando a “boa intenção” na génese da medida, “pois qualquer governante gosta de melhorar a vida dos seus concidadãos”, Santana Lopes considerou também que essa iniciativa “tem uma força especial sobre o PS, que tem muito do seu eleitorado entre as pessoas de mais idade e, portanto, aqueles que são pensionistas”.
Esta última alegação tem fundamento?
De facto, uma a sondagem à boca das urnas realizada pelo ICS e ISCTE no âmbito das eleições legislativas de março de 2024 aponta nesse sentido.
Sobre as tendências de votação dos diferentes grupos etários, aponta-se que 48% dos eleitores com 65 ou mais anos terão votado no PS (uma enorme diferença face ao que se verificou no grupo dos jovens entre os 18 e os 34 anos, com apenas 13% que terão votado no PS). Seguiam-se, no leque dos partidos mais votados por parte dos indivíduos de idade mais avançada, a Aliança Democrática (28%) e o Chega (8%).
Um cenário similar registou-se nas eleições europeias de junho de 2024, quando o PS apenas terá recolhido 15% dos votos entre os indivíduos na faixa etária mais jovem (dos 18 aos 34 anos), atrás da Aliança Democrática (29%) e Iniciativa Liberal (19%), de acordo com outra sondagem à boca das urnas realizada pelo ICS e ISCTE.
Nas eleições europeias, o PS voltou a destacar-se como o partido mais votado entre os eleitores com 65 ou mais anos, com 48% dos votos, superando largamente a coligação Aliança Democrática (31%).
Sendo o voto secreto, estamos a falar de estimativas a partir de sondagens. Mas não deixam de ser indicadores consistentes, sobretudo quando são sondagens realizadas à boca das urnas. A alegação de Santana Lopes tem portanto fundamento e obtém um selo de “Verdadeiro”.
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