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Pedro Pinto, do Chega, critica comentadores desportivos que “agora até já de política falam”… precisamente como aconteceu com André Ventura?

Política
O que está em causa?
André Ventura está oficialmente fora da campanha do Chega depois de dois episódios de indisposição durante ações políticas, em que o líder partidário teve que ser levado para o hospital. Entregue aos principais rostos do Chega, o partido está agora a lidar com a situação de forma polémica. Nomeadamente quando Pedro Pinto, presidente do grupo parlamentar, criticou os comentadores de futebol que agora "até já de política falam". Há apenas uns anos, Ventura ocupava esse lugar.
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“É lamentável. Quero repudiar determinantemente as declarações de alguns dos comentadores [sobre o estado de saúde de André Ventura]… alguns deles eram comentadores desportivos e agora até já de política falam nas televisões”. As palavras de Pedro Pinto, o substituto de André Ventura nesta campanha que terá que ser feita sem o líder do Chega, estão a circular nas redes sociais. Afinal, o deputado está a descrever exatamente o percurso de André Ventura, que, não tendo propriamente saltado do comentário desportivo para a política, conjugou as duas paixões durante alguns anos.

“Pedro Pinto acaba de dizer mal de ‘comentadores que eram de futebol e que agora falam de política’. Ele pensa que Ventura veio do nevoeiro, mas devia ver melhor”, lê-se num dos “tweets” que expõe o deputado.

Antes de ser conhecido como líder do Chega e figura central da política portuguesa, André Ventura começou por se destacar noutro campo: o comentário desportivo, sobretudo ligado ao futebol e ao Benfica. Licenciado em Direito e ex-jurista e professor universitário, Ventura só ganhou notoriedade pública como comentador na Benfica TV, canal oficial do clube, onde começou em 2014. Nesse mesmo ano foi convidado pela CMTV para participar num programa sobre justiça – o “Rua Segura” – e, mais tarde, para ser comentador no programa de futebol “Pé em Riste”, que só abandonou em 2020.

Durante este período, Ventura já fazia caminho na política: em 2017 candidatou-se à presidência da Câmara Municipal de Loures pelo PSD (onde foi eleito vereador) e foi precisamente durante essa campanha que causou controvérsia ao fazer declarações xenófobas sobre a comunidade cigana (a 17 de julho de 2017 aparece na capa do jornal I com a manchete “Os ciganos vivem quase exclusivamente dos subsídios do Estado”). Pouco depois, rompeu com o PSD, com quem as relações já não eram as melhores, e fundou o Chega em 2019. Só em maio de 2020 é que Ventura foi dispensado pela CMTV “por motivos editoriais”.

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Avaliação do Polígrafo:

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