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Pedro Nuno Santos nomeou ex-chefe de gabinete para “dirigir o Porto de Leixões”?

Política
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
Em publicação no Facebook destaca-se que o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, terá nomeado um antigo chefe de gabinete (dos tempos em que ainda era secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares), Nuno Araújo, como presidente do Conselho de Administração da APDL - Administração dos Portos do Douro Leixões e Viana do Castelo. O mesmo Nuno Araújo que entretanto foi alvo de buscas da Polícia Judiciária e é suspeito da prática de crimes de corrupção e tráfico de influências.

“O ex-chefe de gabinete de Pedro Nuno Santos foi dirigir o Porto de Leixões. Já esqueceram? Só coincidências, nada mais”, lê-se no post de 22 de agosto no Facebook. Trata-se de Nuno Araújo, antigo chefe de gabinete de Pedro Nuno Santos, atual ministro das Infraestruturas e da Habitação, quando ainda desempenhava o cargo de secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares.

De facto, o novo Conselho de Administração da APDL – Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo foi designado pelo Ministério das Infraestruturas e da Habitação (MIH) a 20 de julho de 2020, sendo presidido por Nuno Araújo, e mantendo os atuais vogais, Cláudia Soutinho e Joaquim Gonçalves.

Nuno Araújo, antes de presidir à APDL, era vogal no mesmo Conselho de Administração desde 2018. É também o atual presidente do PS Penafiel e membro da Assembleia Municipal de Penafiel, eleito nas listas do PS.

No entanto, as suspeitas de corrupção e tráfico de influências e respetivas investigações ao atual presidente da APDL foram tornadas públicas apenas em junho de 2021. Ou seja, mais de um ano depois de Nuno Araújo ter assumido o cargo na APDL.

Em causa estão contratos celebrados por ajuste direto por cinco municípios com a empresa de engenharia de que Nuno Araújo foi sócio-gerente até 2015, a EQS – Serviços de Engenharia, Qualidade e Segurança.

De acordo com um comunicado do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) do Ministério Público, emitido no dia 8 de junho, “a sociedade adjudicatária seria gerida e controlada de facto pelo sócio-gerente anterior, o qual exercia então funções de chefe de gabinete ministerial. O mesmo usaria a sua influência decorrente do cargo para conseguir a celebração por ajuste direto, tirando benefícios monetários através de outra sociedade comercial, que igualmente controlava.”

O presidente da ADPL reagiu nas redes sociais, a 8 de junho, para deixar uma garantia: “quando assumi aquelas funções [de chefe de gabinete de Pedro Nuno Santos], renunciei de imediato à gerência da EQS CERT, LDA e não houve qualquer intervenção da minha parte nos contratos subsequentes que a empresa realizou.” Nuno Araújo negou também as suspeitas de que é alvo: “estas suspeitas agora invocadas nos autos tinham já circulado pelas redes sociais em 2018 e, por serem falsas, logo nessa altura intentei um processo crime por difamação contra o autor das mesmas.”

Fonte oficial do gabinete de Pedro Nuno Santos informa em comunicado que “o ministro das Infraestruturas e da Habitação é totalmente alheio à alegada prática dos atos referidos nas notícias” e que aguarda “o desenrolar do processo judicial”.

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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.

Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:

Verdadeiro: as principais alegações do conteúdo são factualmente precisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Verdadeiro” ou “Maioritariamente Verdadeiro” nos sites de verificadores de factos.

Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:

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