A 16 de abril, o Ministério Público abriu uma averiguação preventiva a Pedro Nuno Santos pela compra de dois imóveis, um em Lisboa e outro em Montemor-o-Novo. No mesmo dia, o secretário-geral do PS assegurou que iria publicar o quanto antes toda a documentação que prova que não houve ilegalidades e pediu de imediato para ser ouvido pelo Ministério Público: “Quem não deve não teme, quem não teme não foge.”
Assim foi. No site da campanha para as legislativas, o PS disponibilizou nove documentos sobre o património de Pedro Nuno, que mostram que o socialista comprou, como primeira casa, um T2 na Rua Marcos Portugal, na Praça das Flores, em Lisboa. Tinha então 27 anos e acabara de ser eleito líder da JS. A casa de três assoalhadas foi comprada, em 2004, por 245.000 euros. Pedro Nuno deu 70 mil euros de entrada e contraiu um empréstimo de 175 mil euros para a compra.
Em janeiro de 2019, um mês antes de se tornar ministro da Habitação, Pedro Nuno Santos vendeu a casa da Praça das Flores a dois cidadãos chineses por 485.000 euros. Ou seja, praticamente o dobro do que tinha investido há 15 anos. Um aumento que, ainda que seja justificado pelos preços das casas naquela altura, faz com que o ex-ministro esteja a ser acusado de incoerência, já que um ano depois da venda afirmou que os preços da habitação no Porto e em Lisboa eram “crime lesa-pátria”.
Em declarações aos jornalistas depois de uma visita ao Porto de Aveiro, o então responsável pela pasta da Habitação respondeu ao presidente da Associação dos Profissionais das Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), Luís Lima, que afirmou que “agir para travar a procura é um crime de lesa-pátria, cujas consequências não estão a ser avaliadas”. Para Pedro Nuno, cujo objetivo era retirar os “vistos gold” das grandes cidades, “o crime de lesa-pátria são os preços que hoje são praticados no mercado imobiliário em Lisboa e no Porto, em que a esmagadora maioria do povo português não consegue sonhar com uma terra onde nasceu ou cresceu, nomeadamente nos grandes centros urbanos”.
Ou seja, e apesar de todas as condicionantes que envolveram o processo de compra e venda da casa em Lisboa (como o facto de terem passado 15 anos entre os dois processo), a verdade é que as acusações feitas ao ex-ministro e atual líder do Partido Socialista são factualmente sustentadas.
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