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Pedro Nuno Santos: “SNS faz mais cirurgias e consultas hoje do que em 2015”

Política
O que está em causa?
Na apresentação do programa eleitoral do PS, Pedro Nuno Santos garantiu esta tarde que há ainda muito a fazer pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS), mas também que muito já foi cumprido. O secretário-geral dos socialistas exemplificou com as cirurgias e as consultas realizadas, mas será que os números lhe dão razão?

A meio de um longo discurso na apresentação do programa dos socialistas para as eleições de 10 de março, Pedro Nuno Santos dedicou vários minutos ao SNS: assumiu os erros, destacou as conquistas, mas também atacou a direita que acusa de querer “deixar de investir no SNS e passar a desviar recursos para o negócio privado da Saúde”.

Segundo o secretário-geral do PS, a ideia de “colapso” não cola e a verdade é que “o SNS resolve mais problemas hoje do que em 2015, faz mais cirurgias e atende mais consultas”. Confirma-se?

Sobre o número de consultas médicas:

Segundo os dados compilados no Relatório Anual de Acesso a Cuidados de Saúde, divulgado pela Administração Central do Sistema de Saúde (ARSS), 2021 – último ano com dados disponíveis – foi um “ano de início da retoma da atividade presencial“, depois de um 2020 com um decréscimo significativo no número de consultas presenciais. “No final de 2021 contabilizaram-se 36.038 milhares de consultas médicas totais realizadas nos cuidados de saúde primários, um acréscimo de 10,7% face a 2020, das quais 14.557 consultas presenciais, representando um acréscimo de 14,3% face ao ano anterior”.

Face a 2015, o aumento é ainda maior: nesse ano de início da governação de António Costa registaram-se 30.473 consultas médicas, menos 5.565 do que no ano passado.

“À semelhança dos cuidados de saúde primários também ao nível da atividade hospitalar do SNS se observou uma recuperação da atividade assistencial realizada, com aumentos, face ao período homólogo, em todas as linhas de cuidados, alcançando em algumas delas valores superiores aos registados antes da pandemia”, informa o documento.

Ao nível das consultas médicas, foram registadas em 2021 um total de 12.413.119, o que compara com as 12.000.347 contabilizadas em 2015. Também as intervenções cirúrgicas aumentaram nesse intervalo de seis anos, de 654.040 em 2015 para 708.961 em 2021. Destas, diminuíram as cirurgias convencionais e urgentes e aumentaram as programadas e de ambulatório.

Sobre as consultas hospitalares nas especialidades:

Considerando as consultas hospitalares nas especialidades, verifica-se que quase todas apresentam acréscimos substanciais de produção desde 2015: a título de exemplo, há mais consultas de hematologia clínica, de imuno-alergologia, de medicina interna, de neurologia, de oncologia, de ortopedia, de psiquiatria e de pediatria, entre outras.

Sobre as cirurgias programadas no SNS:

O Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia (SIGIC) abrange toda a atividade cirúrgica programada realizada a utentes do SNS e o ano de 2021 “fica marcado como um ano de significativa recuperação e retoma na atividade cirúrgica: tendo-se registado 721.270 propostas cirúrgicas (+24,9% de entradas em LIC face a 2020, aproximando-se dos valores de 2019), e um número de 629.889 operados no âmbito do SIGIC (+22,5% comparativamente a 2020 com +115.889 operados, e superando o nível de produção de 2019 com +0,3% em +1.607 operados)”.

Em 2015, foram registados 560.401 operados, 513.205 dos quais no SNS (onde se incluem as PPP), menos 69.488 do que em 2021. Menos positiva é a evolução da média do tempo de espera dos operados, que passou de 2,9 meses em 2015 para 3,2 meses em 2021.

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Avaliação do Polígrafo:

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