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Pedro Nuno Santos na TVI: “Carlos César não fez nenhuma ligação entre o resultado eleitoral e o excedente orçamental”

Política
Este artigo tem mais de um ano
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Ontem à noite, em entrevista à TVI/CNN Portugal, Pedro Nuno Santos foi confrontado com a possibilidade de um impacto do excedente orçamental nos resultados das eleições legislativas de 10 de março. Segundo o líder da oposição, não existe qualquer relação entre estes factores. E Carlos César, que afirmou há dias que espera que o excedente "não seja em excesso", "nunca estabeleceu ligação" entre a derrota do PS e as "contas certas". Será verdade?

O líder do Partido Socialista esteve esta segunda-feira à noite na TVI e na CNN Portugal para a primeira entrevista depois da derrota na noite eleitoral de 10 de março. A nova cara da oposição, como quer ser visto, que enviara, nessa tarde, uma carta dirigida ao Primeiro-Ministro em que manifestou total disponibilidade para “um acordo”, deixou claro, no entanto, que não se deve “estar à espera que seja o Partido Socialista a assegurar a estabilidade de um Governo com o qual discorda”.

Ainda em reflexões sobre o resultado eleitoral, Pedro Nuno Santos foi questionado sobre se, como Carlos César, presidente do PS, também achava que o excedente orçamental e as “contas certas” – em prejuízo da aplicação de mais medidas – podem ter prejudicado os socialistas a 10 de março. A resposta foi negativa. E trouxe uma “correção”: “Não faço essa leitura. Nem foi isso que Carlos César quis dizer. Aliás, Carlos César não disse isso. Não fez nenhuma ligação entre o resultado eleitoral e o excedente orçamental.” É verdade?

As palavras do presidente do PS, proferidas a 23 de março, estão sujeitas a várias interpretações. Mas, tal como disse Pedro Nuno Santos, frente aos jornalistas César não estabeleceu nenhuma relação entre a derrota eleitoral do PS e o o saldo orçamental do país. O que disse foi apenas o seguinte, em resposta a uma pergunta sobre se o saldo orçamental não terá prejudicado o PS por esquecer várias classes profissionais: “Tenho dificuldade em responder a isso como presidente do PS. Se eu não fosse, diria apenas que espero que o excedente orçamental não seja um excesso.”

Carlos César não “fez nenhuma ligação”, mas é certo que deixou que fizessem por ele. A resposta do socialista foi vaga. E teve mesmo que ser esclarecida dois dias depois, em declarações ao jornal “Observador”: “Primeiro, estou muito orgulhoso do legado e dos resultados da governação de António Costa, que foi um excecional primeiro ministro; segundo, o meu reparo foi apenas uma constatação de uma evidência, a de que mantendo a marca extraordinariamente positiva da gestão das contas públicas poderíamos ter resolvido mais algumas pendências com um excedente significativo mas menor. Seja como for, saímos do governo de cabeça erguida e com a certeza que o país beneficiou da nossa ação. E isso conforta-me com este período histórico.”

Segundo o INE, o último Governo de António Costa deixou ao PSD um excedente de 3,194 mil milhões de euros, o equivalente a 1,2% do PIB. Esta é uma herança que Pedro Nuno Santos considerou “um ganho para o país”.

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