"Nós quando olhamos para as estatísticas da OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico], Portugal não compara mal, pelo contrário, temos um número de médicos por mil habitantes que nos coloca no topo dos países no quadro da OCDE. Depois tempos problemas, na distribuição territorial dos médicos, na distribuição entre médicos de Medicina Geral e médicos especialistas... Mas nós, em número total de médicos, não comparamos mal", enalteceu Pedro Nuno Santos, atual deputado e ex-ministro das Infraestruturas e da Habitação, ontem à noite, no espaço de comentário político que agora (no pós-Governo) protagoniza na SIC Notícias.

"Mas quando vamos ver qual é a percentagem dos médicos registados na Ordem que estão no SNS [Serviço Nacional de Saúde], aí a situação é diferente. Só metade dos médicos inscritos na Ordem [dos Médicos] estão no SNS. O que revela que há incapacidade do SNS de recrutar e de reter médicos", contrapôs, numa intervenção em que voltou a defender que a redução da dívida pública deveria ser mais faseada para entretanto suprir outras necessidades mais prementes do país, nomeadamente no setor da Saúde.

É verdade que que em número de médicos "estamos no topo da OCDE" mas "só metade estão no SNS"?

No mais recente estudo "Health at a Glance 2022" da OCDE estão incluídos dados até 2020 e, no que concerne ao número de médicos praticantes por cada 1.000 habitantes, Portugal destaca-se na segunda posição entre os 38 países membros da OCDE (na tabela figuram 37 países no total, seis dos quais não são membros), com um rácio de 5,5, superado apenas pela Grécia que ascende a 6,2.

Também sobressai muito acima da média da União Europeia que, em 2020, registou um rácio de 4,0.

Neste âmbito, porém, a OCDE ressalva que os dados correspondem a todos os médicos com licença de prática, "resultando numa grande sobrestimação do número de médicos praticantes" ou em atividade que, especificamente em Portugal, estima-se que rondem 30% do total.

Por outro lado, de acordo com os últimos dados estatísticos divulgados pela Ordem dos Médicos (OM), no final de 2022 estavam inscritos 61.235 médicos na OM.

Segundo os dados compilados no portal "Transparência do SNS" (pode consultar aqui), em dezembro de 2022 registavam-se 21.182 médicos não internos mais 9.839 médicos internos, o que perfazia um total de 31.021 médicos em atividade no SNS.

Mais recentemente, em agosto de 2023, registavam-se 21.691 médicos não internos mais 9.999 médicos internos, o que perfazia um total de 31.690 médicos em atividade no SNS.

Em suma, tal como disse Pedro Nuno Santos, cerca de metade dos que estão inscritos na OM. Resultando num selo de "Verdadeiro".

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