Na rede social X, o deputado Pedro Frazão do Chega partilhou na manhã de ontem (28 de março) um momento televisivo no qual confrontou o ex-ministro da Administração Interna Eduardo Cabrita.
“Alguém me explica como um ex-ministro de Guterres, Sócrates e Costa, e que atropelou mortalmente um trabalhador na auto-estrada, pode ter a lata de caluniar de ‘bombista e terrorista’ o vice-presidente da AR, Diogo Pacheco de Amorim? É preciso ter muita cara de pau!”, escreveu no tweet em que partilha um vídeo do momento da sua intervenção na CNN Portugal.
As declarações de Frazão foram proferidas na noite de dia 26 de março, durante a segunda volta da segunda votação para eleger o presidente da Assembleia da República (AR), após Eduardo Cabrita ter afirmado que “o PSD deve assumir a sua posição sobre a eleição de um terrorista e bombista para o presidente da AR”, em referência a Aguiar-Branco.
Frazão advertiu o ex-ministro, afirmando que “se calhar devia estar mais preocupado com os processos que ainda tem em tribunal por ter atropelado um trabalhador numa autoestrada“. E prosseguiu apontando que Cabrita estaria a “meter-se em caminhos apertados” porque corria o risco de “ter outro processo por estar a chamar terrorista e bombista a uma pessoa que nunca foi condenada nem sequer esteve implicada em nenhuma acusação de terrorismo”.
Mas as acusações do deputado do Chega são falsas. De facto, Eduardo Cabrita esteve envolvido num atropelamento mortal na A6, mas não era o ex-ministro o condutor do veículo. Os factos ocorreram a 18 de junho de 2021, perto de Évora, quando a viatura oficial em que seguia o então ministro da Administração Interna atropelou mortalmente Nuno Santos, de 43 anos, um trabalhador que fazia serviços de manutenção da estrada.
A autópsia indicou que a morte foi provocada pelo embate do veículo e as primeiras conclusões sobre o acidente davam conta de que a viatura seguia a 163 km/h tendo, por isso, o Ministério Público acusado o motorista de homicídio por negligência.
Quanto a Eduardo Cabrita, em novembro de 2023 foi decidido pelo tribunal de Évora que o ex-ministro não deveria ser pronunciado para julgamento. A decisão instrutória estava em linha com a posição do Ministério Público (MP) que, em outubro de 2023, defendia que o ex-governante ia a trabalhar e a responder a e-mails durante a viagem, não ficando provado que se tivesse apercebido da presença do trabalhador na estrada ou que tivesse dado ordens em relação à velocidade a que seguia o veículo.
A família da vítima ainda apresentou um recurso, em janeiro de 2024, para a Relação de Évora. alegando que Cabrita teve responsabilidade na morte do trabalhador e que foi ele a dar indicações sobre a velocidade a que o veículo deveria circular.
Agora é da competência do Tribunal da Relação de Évora decidir, definitivamente, se o ex-ministro Eduardo Cabrita vai ou não a julgamento no âmbito deste processo.
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Avaliação do Polígrafo: