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Pedro Frazão acusa Aguiar-Branco de ocupar um “tacho” e de ter “regalias” mas vai ganhar cinco mil euros no Conselho de Administração da AR?

Política
O que está em causa?
Nos últimos dois dias o deputado do Chega não se limitou a cometer imprecisões, mas entrou também no campo das incoerências quando afirmou que Aguiar-Branco, novo presidente da Assembleia da República (AR), iria ocupar um "tacho", mesmo sabendo que Diogo Pacheco de Amorim será seu vice-presidente e que ele próprio irá trabalhar no Conselho de Administração da AR. Com um salário de quase cinco mil euros brutos mensais.

Pedro dos Santos Frazão é um de 50 na bancada parlamentar do Chega e um de sete no Conselho de Administração da Assembleia da República. Ao contrário dos seus colegas de bancada, Frazão terá uma ajuda mensal com “despesas de representação” que se soma ao seu salário. No total, vai auferir 4.916,39 euros por mês, naquilo a que o próprio apelida de “tacho” com “regalias”.

Primeiro, a imprecisão: o deputado do Chega foi convidado pela SIC Notícias durante a tarde desta quarta-feira a comentar a eleição demorada do sucessor de Augusto Santos Silva na presidência da Assembleia da República. A ocasião achou-a perfeita para apelidar o cargo institucional de “tacho”, com a justificação de que José Pedro Aguiar-Branco só conseguiu ser eleito através de um acordo, ao contrário de Diogo Pacheco de Amorim. Ora, tanto Frazão quanto a bancada parlamentar do partido Chega asseguraram haver um acordo prévio com um PSD que foi rompido unilateralmente pelo partido de direita radical, depois de Paulo Rangel e Nuno Melo terem negado a sua existência. Seguindo a lógica do deputado, Pacheco de Amorim fez de tudo – até um acordo com o PSD – para chegar a vice-presidente da Assembleia da República. E, por isso, a um “tacho” com “regalias” que Frazão considera inaceitáveis. Mas que também receberá.

É que o deputado do Chega foi eleito membro do Conselho de Administração da AR, composto ainda por Emídio Guerreiro (PSD), Eurídice Pereira (PS), Rui Rocha (IL), Joana Mortágua (BE), Alfredo Maia (PCP) e Rui Tavares (Livre). Cada um destes deputados tem direito a um vencimento mensal ilíquido de 4.096,99 euros, ao qual se somam despesas de representação num total de 1.024,25 euros. No final do mês, Frazão levará para casa 4.916,39 euros brutos.

Importa destacar que, ao contrário do que alega o deputado do Chega, nenhum dos cargos institucionais acima mencionados constitui um “tacho”, uma vez que todos eles envolvem eleições democráticas (até mesmo o de Pedro Frazão, já que o órgão de que agora faz parte foi eleito com 210 votos a favor, 16 brancos e um nulo, num total de 227 votantes.

Avaliação do Polígrafo:

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