O primeiro jornal português
de Fact-Checking

PCP tem vindo a perder votos e mandatos de deputados em todas as eleições legislativas desde a década de 1980?

Política
O que está em causa?
Do ponto máximo de 1,1 milhões de votos e 47 deputados em 1979 até ao ponto mínimo de 205 mil votos e quatro deputados em 2024. Tabela que está a ser partilhada nas redes sociais apresenta números corretos?

Os melhores resultados do Partido Comunista Português (PCP) em eleições legislativas foram registados em 1979, 1980 e 1983, as três vezes em que superou a fasquia do milhão de votos e elegeu mais de 40 deputados. Nessa altura sob a liderança de Álvaro Cunhal e no formato de Aliança Povo Unido (APU), coligação entre o PCP e o Movimento Democrático Português / Comissão Democrática Eleitoral (MDP/CDE). A partir de 1983 também o Movimento Ecologista Português – Partido “Os Verdes” (MEP-PV) passou a integrar a APU que, nessa altura, era claramente a terceira maior força política em Portugal.

Desde então que se assiste a um declínio eleitoral em legislativas do PCP. A tabela partilhada nas redes sociais apresenta números corretos, faltando apenas os resultados mais recentes das legislativas de 2024, em que o PCP atingiu um novo ponto mínimo: cerca de 205 mil votos e quatro mandatos de deputados. A grande distância do ponto máximo de cerca de 1,1 milhões de votos e 47 deputados em 1979.

No entanto, em várias publicações aponta-se para um declínio constante. Isto é, sugere-se que perdeu votos e mandatos em todas as eleições legislativas. Mas isso não aconteceu em 1995 e 1999, por exemplo, já no formato de Coligação Democrática Unitária (CDU) com o rebaptizado Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV).

Em 1995 aumentou o número de votos (de cerca de 504 mil para 506 mil) pela primeira vez desde 1983, embora tenha diminuído o número de deputados (baixou de 17 para 15 mandatos). E logo a seguir em 1999 verificou-se o inverso: menos votos (baixou para cerca de 483 mil) e mais deputados (voltou ao nível de 17 mandatos). Fenómeno inter-relacionado com a taxa de abstenção (subiu em mais de cinco pontos percentuais) e o surgimento do Bloco de Esquerda que elegeu dois deputados na sua estreia em 1999.

Há outros dois exemplos mais expressivos que contrariam a tese do declínio constante: nas legislativas de 2005 e 2009, o PCP aumentou sucessivamente o número de votos e mandatos de deputados, ainda assim permanecendo abaixo do nível registado na década de 1990. Foram as últimas legislativas em que travou a queda. Desde então caiu para menos de metade dos votos e cerca de um quarto dos mandatos.

_____________________________

Avaliação do Polígrafo:

Partilhe este artigo
Facebook
Twitter
WhatsApp
LinkedIn

Relacionados

Em destaque