Paulo Raimundo: "Há 2 milhões de pessoas em risco de pobreza, das quais 345 mil são crianças"

© Rui Minderico/ Lusa

Paulo Raimundo estreou-se como secretário-geral do PCP na Festa do Avante!, mas o discurso de encerramento deste domingo fez lembrar que o comunista está no cargo há quase um ano e que conhece por dentro as "manhas" do Governo socialista. O líder dos comunistas quer mais votos, mais mandatos e, para tal, garante segurança: PCP é "o partido confiável e que não anda ao sabor do vento, que não cede ao medo, à chantagem, à ameaça, à mentira, e que em nenhum momento abandona os trabalhadores e o povo".

Segundo Raimundo, os "bons números" e "resultados" que o Executivo de António Costa apregoa destoam da realidade diária dos portugueses: "A economia que cresce esbarra todos os dias com quem se confronta com rendas incomportáveis. Dizem-nos agora que a economia está bem. Está bem para os 2 milhões de pessoas em risco de pobreza, das quais 345 mil são crianças? Está bem para cerca de 3 milhões de trabalhadores, que ganham até mil euros de salário bruto por mês?" Estes números estão corretos?

Começando pela quantidade de pessoas em risco de pobreza, os dados mais recentes foram recolhidos e organizados pelos economistas Susana Peralta, Bruno P. Carvalho e Miguel Fonseca, do Nova SBE Economics for Policy Kknowledge Center, e estão disponíveis no relatório "Portugal, Balanço Social 2022", apresentado em maio deste ano, em Lisboa.

Segundo o documento, que tem por base dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), a taxa de risco de pobreza para as crianças era, em 2020, de 20,4%, 2 pontos percentuais acima da média nacional. "Esta taxa tem vindo a aumentar nos últimos anos, e, em 2020, aumentou 1,3 pontos percentuais face a 2019. Isto significa que há, em 2020, mais de 345 mil menores pobres em Portugal", explicam os autores.

Dados mais recentes mas menos pormenorizados do INE mostram que, em 2022, cerca de 20,1% da população portuguesa residente estava em risco de pobreza ou exclusão social, ou seja, mais ou menos dois milhões de residentes, como afirmou Paulo Raimundo.

No que respeita à fatia de trabalhadores que aufere até mil euros de salário bruto por mês, o Polígrafo confirma que, de acordo com os últimos dados de "Gestão de Remunerações" da Segurança Social (pode consultar aqui), referentes ao mês de junho deste ano, registou-se em Portugal um total de 2.761.579 pessoas que auferem essa remuneração. O valor fica um pouco abaixo daquele que foi mencionado por Raimundo, mas serve para arredondamento.

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Avaliação do Polígrafo: