Na última sexta-feira, durante o debate na Assembleia da República (AR) acerca de temas relacionados com identidade de género e orientação sexual, deputados do PSD e do CDS manifestaram-se contra o guia “O Direito a SER nas Escolas”, defendendo que este fosse retirado das escolas.
“O que é que neste guia tanto incomoda o PSD?”, começou por perguntar o deputado do Livre Paulo Muacho, em direção à bancada social-democrata. “É saber que Portugal, no contexto europeu é o segundo país com maior proporção de jovens LGBTI que são vítimas de bullying?”, questionou Muacho, de seguida Mas será que se confirma?
Questionado pelo Polígrafo acerca da fonte dos dados, o deputado do Livre partilhou uma publicação da Agência dos Direitos Fundamentais da União Europeia (FRA) no Instagram, que sustenta a informação que partilhou na AR.
De acordo com os resultados do estudo “LGBTIQ Equality at a crossroads – progress and challenges”, publicado no ano passado, Muacho tem razão. Em 2023, 74% dos inquiridos portugueses admitiram já terem sido “ridicularizados, gozados, insultados ou ameaçados” em período escolar por serem LGBTIQ [Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgénero, Intersexo, Queer].
Apenas um país da União Europeia apresentou uma proporção maior do que Portugal: a Irlanda, com 76%.
Em 2019, a proporção de jovens portugueses com queixas de bullying fundamentado na sua orientação sexual e identidade de género era muito inferior, segundo os dados do mesmo estudo, apenas 47%. À época, o número de países à frente de Portugal era muito maior: Grécia (55%), Chipre (52%), Bulgária (51%), Croácia (51%), Bélgica (50%), Espanha (49%), Luxemburgo (48%) e Alemanha (48%).
É, portanto, verdade que Portugal é o país europeu com a segunda maior proporção de jovens LGBTI vítimas de bullying na escola com base na sua orientação sexual e identidade de género.
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Avaliação do Polígrafo: