Paula Santos, deputada do PCP, destacou a necessidade de políticas de trabalho mais inclusivas que permitam combater a desigualdade salarial que ainda perdura em Portugal. Numa intervenção no Parlamento, esta sexta-feira, a comunista alertou que “as mulheres são as mais afetadas por baixos salários, pela pobreza e pela precariedade”.
Confirma-se?
Sim. A afirmação de Paula Santos é corroborada pelo perfil da mulher em Portugal traçado pela Pordata, com base num conjunto de indicadores como a natalidade, nível de escolaridade, oportunidades no mercado de trabalho e estilo de vida. Os dados foram recolhidos em portais como o INE, GEP/MSESS, MTSSS e Pordata.
O estudo indica que quase metade (49%) das mulheres empregadas trabalhavam, em 2023, em três categorias das profissões que auferem remunerações mais baixas, sendo que representavam a maioria (69%) dos trabalhadores não qualificados, em que o salário médio para as mulheres foi de 879,50 euros.
De acordo com este perfil, as mulheres estão mais expostas à pobreza que os homens, diferença que se acentua partir dos 65 ou mais, em que uma em cada quatro mulheres se encontra em risco de pobreza.
Esta realidade deve-se às pensões de velhice e invalidez em que as mulheres continuam a sofrer desigualdades penalizadoras. Nas pensões de invalidez há uma diferença de 67,8 euros e nas de velhice a diferença entre homens e mulheres é superior a 300 euros.
A vulnerabilidade feminina à pobreza é também identificável nas famílias monoparentais, uma vez que cerca de nove em cada dez agregados são formados por uma mãe que vive sozinha com os filhos. A análise indica que “31% das pessoas que integram esta tipologia de famílias vive com um rendimento mensal abaixo do limiar de pobreza (632 euros para o adulto mais 189,6 euros por cada criança), quando a taxa global é 16,6%”.
É também verdade que as mulheres enfrentam maior precariedade. Mesmo com maior nível de escolaridade que os homens, as mulheres continuavam a ser mais vulneráveis em contexto contratual. Embora Portugal se destaque na participação laboral feminina e as mulheres o façam essencialmente a tempo inteiro, 17,7% tem um contrato de trabalho temporário. No caso das mulheres ente os 25 e os 34 anos o número sobre para os 28% e no grupo de mulheres de nacionalidade estrangeira de fora da UE para 43,5%.
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