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Paula Brito e Costa, ex-presidente da Raríssimas, “desviava alimentos do Banco Alimentar para a sua casa”?

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Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
Espalhou-se pelas redes sociais uma publicação com o seguinte título: "Paula Brito e Costa desviava alimentos do Banco Alimentar para levar para a sua casa". No respetivo texto indica-se que "uma funcionária, agora desempregada, afirma que era recorrente ver a Paula Brito e Costa carregar sacos doados do Banco Alimentar para o seu BMW. Estes sacos continham produtos que haviam sido doados para aliviar os custos na alimentação das refeições na associação". Verdade ou mentira?

No dia 9 de dezembro de 2017 foi emitida uma reportagem da TVI que revelou uma série de factos sobre a gestão da Raríssimas – Associação Nacional de Deficiências Mentais e Raras, colocando em causa a presidente e fundadora Paula Brito e Costa que viria mesmo a demitir-se, apenas três dias mais tarde.

A investigação jornalística da TVI apontava para mapas de deslocações fictícias, compra de vestidos de alta costura e gastos pessoais em supermercados, entre outras suspeitas. Envolvia também o então secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, contratado como consultor da Raríssimas em 2013, o qual também se demitiu três dias após a emissão da reportagem.

Mais recentemente começou a circular nas redes sociais uma publicação destacando em título que “Paula Brito e Costa desviava alimentos do Banco Alimentar para levar para a sua casa“.

“Uma funcionária, agora desempregada, afirma que era recorrente ver Paula Brito e Costa carregar sacos doados do Banco Alimentar para o seu BMW Estes sacos, continham produtos que haviam sido doados para aliviar os custos na alimentação das refeições na associação. No entanto, a funcionária adianta que eram raras as vezes que haviam produtos do Banco Alimentar para serem usados nas refeições”, lê-se no texto da publicação.

A história prossegue: “O despedimento da funcionária surgiu há três meses atrás, quando confrontou a então presidente sobre o porquê de levar os produtos do Banco Alimentar para casa. A presidente terá reagido mal e respondeu com agressividade que não tinha que se preocupar com o trabalho dela. No dia seguinte foi chamada ao gabinete dela e despediram-na por justa causa“.

“Quando perguntada sobre o porquê de nunca ter falado disto em público, a funcionária, que prefere manter o anonimato, avança que tinha medo de que houvesse repercussões caso ela denunciasse a presidente, pois ela havia deixado uma ameaça caso ela se atrevesse a falar com alguém sobre o seu despedimento”, conclui-se.

É verdade que Paula Brito e Costa, ex-presidente da Raríssimas, “desviava alimentos” do Banco Alimentar Contra a Fome “para levar para a sua casa”?

Não encontramos nenhum dado ou indício que aponte nesse sentido, nem na reportagem original da TVI nem nos subsequentes artigos que foram sendo publicados em jornais sobre a mesma matéria.

Questionada pelo Polígrafo, Isabel Jonet, presidente do Banco Alimentar Contra a Fome, outra Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS), assegura que não tem qualquer acordo com a Raríssimas.

No Relatório de Atividades de 2018 do Banco Alimentar constam os nomes das associações que mantêm acordos com a instituição dirigida por Isabel Jonet e confirmamos que a Raríssimas não faz parte dessa lista. O mesmo se aplica aos anos anteriores, durante a gestão de Paula Brito e Costa na Raríssimas.

Em suma, a publicação em análise difunde uma falsidade, sem qualquer sustentação factual. Entre as muitas suspeitas levantadas em torno de Paula Brito e Costa não encontramos qualquer referência ao alegado desvio de alimentos do Banco Alimentar Contra a Fome.

***

Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.

Na escala de avaliação do Facebookeste conteúdo é:

Falso: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

Na escala de avaliação do Polígrafoeste conteúdo é:

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