“Pedro Passos Coelho [PPC] diz que o Chega não é um partido extremista, é um partido democrático. Depois de ter parido Ventura, PPC dá-lhe colo”; “Pedro Passos Coelho acaba de dizer num auditório da Escola Secundária de Paço de Arcos cheio de adolescentes que o Chega é um partido democrático e não é um partido extremista. É clara a posição do PPD”. Estes dois “tweets”, partilhados ao longo desta quarta-feira, fazem referência à mesma declaração do ex-líder social-democrata: que o Chega, além de não ser “antidemocrático”, tem “toda a legitimidade de existir“.
Pedro Passos Coelho não o disse no vácuo: estava sentado frente a uma audiência de jovens, na Escola Secundária Luís Freitas Branco, em Paço de Arcos, no concelho de Oeiras, e tinha acabado de ser confrontado com a demissão de António Costa do cargo de Primeiro-Ministro (PM).
De acordo com a revista “Visão“, o ex-PM respondia a esta pergunta de uma aluna daquela escola, que recebia a iniciativa “Dia da Democracia – Oeiras, o lugar da liberdade!”: “Acha que eleições antecipadas podem dar força a partidos que ameaçam a democracia, como o Chega?”
Passos Coelho não “achou”. Primeiro, porque o partido de André Ventura “foi eleito democraticamente” – palavras citadas pela mesma revista e alegadamente proferidas durante uma conversa com Duarte Costa, líder do partido Volt. Segundo, porque é “um partido como os outros que estão presentes na Assembleia da República”.
Um “partido como os outros” mas não na relação com o ex-líder do PSD. Afinal, Passos Coelho tem um lugar especial no gabinete do presidente do Chega: está, em registo fotográfico, ao lado da sua mulher, filha e até do Estádio da Luz. Ao “Expresso“, Ventura confessou: “É um homem que admiro e, se não a retirei [a fotografia] antes de entrarem no gabinete, é porque assumi que é assim.”
Foi, aliás, esse jornal que, em dezembro de 2020, visitou o gabinete do então deputado único do partido: “Em cima de um móvel, no seu gabinete de deputado, André Ventura tem uma espécie de altar: uma fotografia com a mulher, outra com a filha, uma no Estádio da Luz, um busto de Cristo, um galo de Barcelos… e uma foto com Pedro Passos Coelho.”
Nessa entrevista, André Ventura confessava: “Passos Coelho segurou-me [como candidato a Loures] numa altura em que parte do PSD não queria. E isso vou dever-lhe sempre. Gostava que ele voltasse: era útil para a direita. Quem sabe se um dia poderíamos fazer parte do mesmo Governo. Nunca se sabe…”
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