"O advogado Diogo Lacerda Machado (…) é suspeito de ter corrompido o chefe de gabinete de António Costa, Vítor Escária, para conseguir o favorecimento dentro do Governo ao megaprojecto para a construção de um gigantesco centro de armazenamento de dados digitais em Sines, o Start Campus", avançou hoje o jornal "Público".

Desde que Costa assumiu o cargo de primeiro-ministro, no final de 2015, que Lacerda Machado começou a surgir envolvido em dossiês do Governo, como a reversão da privatização da TAP e a solução para os lesados do BES, inicialmente sem qualquer tipo de contrato ou remuneração. Tratava-se de uma "ajuda" em regime "pro bono", de alguém que era o seu "melhor amigo", explicou na altura Costa.

No entanto, acossado pela controvérsia gerada em torno dessa colaboração informal, o Governo acabou por celebrar um contrato de consultadoria com Lacerda Machado (estabelecendo uma remuneração mensal de 2 mil euros brutos), em abril de 2016. Cerca de um ano mais tarde, Lacerda Machado foi nomeado para o cargo de vogal do Conselho de Administração da TAP.

Foi por causa dessa nomeação para a TAP que, em 2017, o ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho criticou o Governo de Costa, considerando então que "é uma pouca-vergonha".

Em publicação no X/Twitter recupera-se um clip de vídeo que exibe o momento em que Passos Coelho proferiu tais declarações. "Memórias cada vez mais atuais", comenta-se, em referência óbvia às suspeitas que agora recaem sobre Lacerda Machado, no âmbito da investigação do Ministério Público que ontem acabou por motivar até a demissão de Costa.

As declarações em causa foram proferidas pelo então presidente do PSD a 10 de junho de 2017, no contexto da apresentação dos candidatos autárquicos do distrito de Viseu para as eleições que decorreram em outubro desse ano. Há um vídeo arquivado no canal do PSD na plataforma YouTube com a versão integral do discurso.

"O mesmo homem que andou a negociar a reversão da TAP, parece que vai ser nomeado administrador da TAP, pelo Estado. É uma coisa extraordinária. Tudo isto se faz esperando que ninguém diga nada. Pois a gente diz: nós não nos calamos relativamente àquilo que consideramos ser uma pouca-vergonha", acusou Passos Coelho, em referência evidente a Lacerda Machado.

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